Atualizada às 09h48
O ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, renunciou ao cargo na manhã desta segunda-feira (06/07). A decisão vem um dia depois de 61% da população grega votar a favor do “não” a um acordo com credores europeus nos moldes da austeridade tradicional imposta pelas instituições financeiras internacionais.
Conhecido por suas desavenças com os sócios europeus, Varoufakis explicou em seu blog pessoal que, logo após o anúncio do resultado do referendo, ele ficou sabendo que alguns participantes do Eurogrupo tinham “certa preferência” de sua “ausência” nas reuniões. Seu dever seria, então, “facilitar” essas negociações.
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EFE
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“Esta foi uma ideia que o primeiro-ministro julgou ser potencialmente útil a ele para que se pudesse chegar a um acordo. Por esse motivo, estou deixando o ministério das Finanças hoje”, argumentou.“Considero que é meu dever ajudar Alexis Tsipras a explorar, como bem lhe aprouver, o capital que o povo grego nos concedeu através de referendo de ontem”, acrescentou.
Na postagem em seu blog, Varoufakis — que em outras ocasiões já se classificou como um “marxista errático” — ainda disse que “todos da esquerda sabem como agir coletivamente, sem se importar com os privilégios de seu posto”.
Após a saída de Varoufakis, o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, comentou hoje que a renúncia do ministro representa um alívio para o diálogo com Atenas, mas destacou que nem por isso as negociações serão mais fáceis.
Para Schulz, que ontem alertou que uma vitória do “não” implicaria a implantação de uma nova moeda por parte dos gregos, “serão negociações difíceis”, mas se mostrou favorável a mantê-las. Em declaração a jornalistas na Alemanha, o líder do Legislativo do bloco ainda acrescentou que o sucesso de um acordo não depende de “pessoas concretas”, mas de “disposição”.
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Na última quinta-feira (02/07), o responsável pela pasta das Finanças da Grécia tinha declarado que iria renunciar ao cargo se a população grega votasse pelo “sim” ao acordo com credores europeus na consulta popular.
“Não serei…eu pessoalmente não assinarei outro (acordo) de prorrogação e fingimento”, afirmou Varoufakis na ocasião, após ser questionado pela Bloomberg sobre sua permanência como ministro das Finanças em um cenário de triunfo do “sim”.
Segundo a Reuters, um substituto para Varoufakis deve ser anunciado após reunião de líderes políticos, prevista para acontecer nesta segunda, informou um porta-voz do governo grego.
As negociações para um novo resgate financeiro à Grécia tinham sido interrompidas na última semana, após Atenas dar calote no FMI e em meio à espera do resultado do referendo. Na terça (07/07), o Eurogrupo se reunirá às 13h de Bruxelas para voltar à mesa de diálogo com a delegação grega. Contudo, a troika (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) já antecipou que espera “novas propostas concretas” da equipe de Tsipras.