As eleições legislativas da Catalunha, realizadas neste domingo (27/09), apontaram a vitória da coalizão Junts Pel Sí (Juntos pelo Sim, em catalão). A aliança é por quatro partidos que defendem a independência da Catalunha perante a Espanha.
Mesmo tendo maiora, porém, não são todos os eleitores que apoiam a independência da comunidade que, como declarou a União Europeia, não será um país membro caso consiga a independência; e seus cidadãos perderão a nacionalidade espanhola, como já definiu o governo da Espanha.
A reportagem de Opera Mundi conversou com eleitores que foram às urnas neste domingo em Barcelona:
Ester Martínez, 48, professora de música
Sou a favor da independência, porque estamos em um momento para a Catalunha em que está impossível de aguentar toda essa pressão do governo espanhol. Não só economicamente, mas também culturalmente, com o desmantelamento da língua catalã que nos é imposto. Nós deveríamos ter o direito de decidir o que queremos enquanto um povo e o governo espanhol nos está impedindo de fazer isso. Essas eleições são nossa única opção. Se o Sim [coalizão Junts pel Sí] ganhar hoje [como ocorreu], vai começar um processo para inciar a independência e um processo de articulação para formar todas as instituições que se é preciso em um governo, e se a Espanha não nos escuta, ela com certeza terá que nos escutar. A Europa terá que nos escutar. Eu estou muito otimista, a mobilização foi muito grande e acredito que a participação vai ser muito alta. Esse é um momento decisivo para a nossa história. Nós sempre fomos solidários, economicamente este não é o problema. O que acontece é que a a distribuição de renda está muito injusta para o povo catalão.
Fernando Garcia, 73 anos, aposentado
Eu não sou a favor da independência. Para mim ela não vai servir para nada. Isso que estamos fazendo hoje é algo imposto. Esse território não é um povo, não é nada. A Catalunha não conseguiria se manter economicamente se não fosse pela Espanha, porque tem uma dívida enorme que não pode assumir. Isso tudo pra mim são fantasias. Nós não somos os melhores do mundo, para mim essa ideia está errada.
Mireira Soto, 20 anos, estudante
A possibilidade de o povo poder votar hoje já é um ponto muito favorável para nós, porque é ele que vai decidir o que quer para o seu futuro. Eu não sou independentista, mas acredito que o que o povo catalão escolher, realmente vai ser o que eles querem. Eu aceito a independência, eu sou catalã. Para mim, culturalmente, existem muitas coisas que nos diferenciam dos espanhois e economicamente, basicamente, somos mais potentes e as pessoas ficam indignadas com o tanto que nos tiram e não investem na região.
NULL
NULL
Cristian Sobrepera, 34 anos, técnico de audiovisual
Eu quero a independência, tanto por uma herança familiar como pelos dias de hoje. Vivemos momentos difíceis, em que não nos sentimos respeitados em muitos aspectos, tanto econômicos, sociais e políticos e chegamos em um ponto em que estamos cansados disso tudo e queremos uma mudança. Queremos mudar para tentar melhorar. O mínimo é ter o direito de podermos mudar nossa situação. Se o sim ganha, nada de tão grave vai acontecer do dia para a noite, como estão dizendo. Vão ser mudanças progressivas e que pouco a pouco vão nos levar a o que seria um estado. Não precisa ser nada traumático, mas sim algo feito com diálogo e paciência e assegurando que todos fiquem bem. Hoje em dia está mais difícil de enganar o povo. Existem mais meios de comunicação, sem ser os meios tradicionais, que podem nos informar sobre os diversos pontos de vista. Acredito que o povo deve ter dúvidas, mas medo, não.
Maria Muñoz, 18 anos, estudante
Eu quero a independência porque estou cansada da Espanha nos roubando. Não gosto como está a qualidade de vida para muita gente agora, com o desemprego crescendo. Também sei que existe muita gente na Espanha que odeia os catalães só por eles serem catalães, e por quererem a independência. Se o sim ganha hoje, acho que vai criar um conflito grande entre a Espanha e a Catalunha. Se desde o começo a Espanha tivesse escutado o que a gente dizia, não chegaríamos a esse extremo. Não tem um diálogo, eles nos dizem não para tudo. Isso também, por conta do partido político que está no poder na Espanha hoje, que é muito conservador.
Agência Efe
Eleitores foram às urnas neste domingo na Catalunha