Atualizada às 17h13
O presidente da Síria, Bashar al-Assad, afirmou neste sábado (14/11) que a política francesa contribuiu para o “avanço do terrorismo” que culminou nos ataques desta sexta-feira em Paris, que deixaram 129 mortos, segundo o procurador-geral da França, François Molins.
“Os ataques terroristas em Paris não podem ser separados do que aconteceu em Beirute, capital libanesa, ou do que vem acontecendo na Síria nos últimos cinco anos e em outras áreas”, disse ele durante uma reunião com uma delegação de legisladores franceses em Damasco, capital síria.
Agência Efe (arquivo)
O presidente sírio, Bashar al-Assad
O presidente sírio se referia ao ataque com homens-bomba que deixou 44 mortos em Beirute na última quinta-feira. O atentado, realizado no reduto do grupo islâmico Hezbollah, seu aliado, também foi reivindicado pelo Estado Islâmico.
Assad classifica não apenas o EI, mas todos os grupos opositores que lutam contra seu governo na Síria como “terroristas”. Ele afirmou que tem “avisado sobre o que estava para acontecer na Europa há três anos”. “Dissemos: 'o que está acontecendo na Síria deve ser levado a sério'. Infelizmente, as autoridades europeias não nos ouviram”.
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Ele afirmou também que o presidente francês, François Hollande, deveria “mudar sua política”. “A pergunta sendo feita em toda a França hoje é: a política francesa dos últimos cinco anos estava certa? A resposta é não.”
A França tem apoiado opositores do governo sírio desde os primeiros protestos contra Assad, em 2011. Desde então, o país se encontra em guerra civil, agravada pela chegada de militantes do Estado Islâmico, que também lutam contra Assad e tentam dominar o país.
A França é também parte de uma coalizão liderada pelos Estados Unidos e que realiza ataques aéreos contra o EI no Iraque desde o ano passado e na Síria desde setembro. Esta foi uma das motivações declaradas pelo EI no comunicado que reivindica a autoria dos ataques em Paris.
Solidariedade de líderes mundiais
Assad é voz dissonante em meio às dezenas de declarações de líderes mundiais em solidariedade à França e aos franceses pelos ataques que deixaram 129 pessoas mortas na noite de sexta-feira em Paris.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, expressou sua solidariedade à população francesa através do Twitter: “Estamos unidos, estamos com vocês”. Ele afirmou que pretendia conversar com Hollande ainda hoje, para dizer que “seus valores são nossos valores, sua dor é nossa dor, sua luta é nossa luta e juntos nós vamos derrotar estes terroristas.”
O presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que os ataques de ontem são “um ataque à humanidade a aos valores que universais que compartilhamos”. Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego, expressou “profundas condolências” às famílias das vítimas e disse que a Grécia está com o povo francês.
A presidente brasileira, Dilma Rousseff, se disse “consternada com a barbárie terrorista” e expressou repúdio à violência e solidariedade ao povo francês.
O papa Francisco, líder da Igreja Católica e do Vaticano, disse que “não há justificativa religiosa nem humana” para os ataques. Ahmad al-Tayyib, uma das maiores autoridades sunitas do mundo muçulmano, condenou os ataques e pediu cooperação internacional para conter o terrorismo.