Lideranças do Partido Republicano e a Casa Branca manifestaram repúdio a uma declaração feita nesta segunda-feira (07/12) em que o pré-candidato republicano à Presidência dos EUA Donald Trump pediu por um bloqueio “total e completo” da entrada de muçulmanos nos Estados Unidos.
A declaração divulgada pela equipe de campanha de Trump foi feita após um ataque que ocorreu na semana passada na cidade de San Bernardino, na Califórnia, em que 14 pessoas foram mortas. Os suspeitos, Tashfeen Malik e Syed Rizwan Farook, eram muçulmanos de origem paquistanesa e teriam cometido o ataque inspirados no grupo EI (Estado Islâmico).
EFE
Após ataque que deixou 14 mortos na Califórnia, Donald Trump pediu para que os EUA não permitam a entrada de muçulmanos no país
Concorrente à nomeação presidencial do Partido Republicano, Jeb Bush afirmou no Twitter que Trump é um “desequilibrado” e que suas propostas “não são sérias”. O também republicano Dick Cheney, vice-presidente dos EUA entre 2001 e 2009, afirmou que a ideia de Trump “vai de encontro a tudo que nós apoiamos e em que acreditamos”.
O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, afirmou que Trump está “buscando tocar em um lado obscuro e tentando jogar com o medo das pessoas para conseguir apoio para sua campanha”.
Por meio de seu perfil pessoal no Twitter, a pré-candidata democrata Hillary Clinton afirmou que a declaração de Trump é “repreensível, preconceituosa e sectária”. Segundo ela, impedir a entrada de muçulmanos tornaria os Estados Unidos “menos seguros”. “Declarar guerra ao Islã ou demonizar muçulmanos norte-americanos não é apenas contrário aos nossos valores, mas colabora com os terroristas”, disse Hillary em outra mensagem.
This is reprehensible, prejudiced and divisive. @RealDonaldTrump, you don't get it. This makes us less safe. -H https://t.co/SjAqL0clHd
— Hillary Clinton (@HillaryClinton) 7 dezembro 2015
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Ahmed Shedeed, imigrante egípcio que mora nos EUA desde 1980 e dirige o Centro Islâmico da Cidade de Jersey, afirmou que Trump “está dando o direito para que as pessoas machuquem” os muçulmanos. “Isso tem de parar, todas essas acusações. Veja a comunidade muçulmana como parte do mosaico norte-americano e nós somos parte dos EUA. Não vamos a lugar nenhum”, disse.
Segundo o Conselho das Relações Islâmico-Americanas, maior organização civil dos direitos dos muçulmanos nos EUA, tem ocorrido uma onda de violência e discriminação contra muçulmanos no país nas últimas semanas. “Donald Trump soa mais como o líder de uma gangue de linchamento do que de um país grandioso como o nosso”, afirmou em entrevista coletiva Nihad Awad, diretor do Conselho.
Trump, que lidera a corrida do Partido Republicano pela nomeação à eleição presidencial de 2016, citou que existe um ódio dos muçulmanos aos norte-americanos. “Até que sejamos capazes de determinar e compreender esse problema e a ameaça perigosa que ele coloca, nosso país não pode ser vítima de ataques horrendos feitos por pessoas que acreditam somente na jihad e não têm senso de razão ou respeito à vida humana”, declarou.
Nesta segunda-feira, o alto comissário da ONU para refugiados, António Guterres, afirmou que os países que barram a entrada de refugiados muçulmanos fortalecem grupos extremistas, como o Estado Islâmico. “Quanto mais se diz ou faz em hostilidade a refugiados sírios por eles serem muçulmanos, maiores são as chances de o EI e outros grupos encontrarem recrutarem, dentro das fronteiras de países europeus, pessoas dispostas a fazer as coisas horríveis que estamos testemunhando atualmente”, disse Guterres.
EFE
Manifestantes do Estado da Carolina do Norte protestaram contra Trump na última sexta-feira (04/12), chamando-o de “fascista”