As Mães e Avós da Praça de Maio anunciaram nesta quarta-feira (23/03) que irão boicotar uma cerimônia de homenagem às vítimas da ditadura militar, marcada para esta quinta-feira (24/03), por conta da presença do presidente dos EUA, Barack Obama, que está em visita oficial à Argentina. A data marca os 40 anos do golpe militar no país.
“É uma provocação. Esta é nossa data”, disse Nora Cortiñas, uma das Mães, ao jornal britânico The Guardian. A cerimônia ocorrerá no Parque da Memória, na capital Buenos Aires, e contará também com a presença do presidente argentino, Mauricio Macri.
Luciana Taddeo/Opera Mundi
Mães e Avós da Praça de Maio irão boicotar visita de Obama a Argentina
Os dois grupos, junto com outras organizações de direitos humanos, estão organizando uma série de marchas em todo o país. “São 40 anos de busca por nossos filhos e filhas”, disse Cortiñas, cujo filho, Carlos Gustavo Cortiñas, foi sequestrado em abril de 1977 e segue desaparecido.
“Fazer as pessoas desaparecerem não é algo que possa ser perdoado. É o pior de todos os crimes”, disse ela.
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Grupos de direitos humanos consideram que por volta de 30 mil pessoas tenham desaparecido durante a ditadura militar argentina, que durou sete anos. Até o momento 660 pessoas foram condenadas pelos crimes que cometeram na época. Atualmente, há 521 casos ativos e 2.200 estão sendo ou já foram investigados.
EUA pretende desclassificar documentos sobre ditadura argentina
Na semana passada, Obama havia anunciado que iria retirar o sigilo sobre os documentos da ditadura no país sul-americano, “para demonstrar compromisso com os direitos humanos”. A decisão foi seguida por um anúncio do Vaticano que se comprometeu a fazer o mesmo.
No entanto, nesta quarta-feira (23/03), Obama se recusou a falar do papel que os EUA desempenharam no período militar argentino, durante conferência de imprensa conjunta com Macri, na Casa Rosada.
O chefe de governo norte-americano se limitou a reconhecer que na história da política externa dos EUA “houve momentos de grande sucesso e glória” e outros que foram “contrários” ao que ele acredita que seu país “deva apoiar”.