Uma onda de emoção, solidariedade e repulsa corre pelo mundo levantada pela chacina de Paris.
É legítima. Doze pessoas foram assassinadas por um grupo terrorista na sede do semanário francês Charlie Hebdo. Entre elas o diretor, quatro cartunistas e dois polícias.
O jornal, satírico, progressista, havia sido já alvo de atentados por ter publicado caricaturas do profeta Maomé.
Leia também: “Estamos diante de uma ameaça terrorista sem precedentes”, diz primeiro-ministro francês
A dimensão, o motivo e a circunstância contribuem para a repercussão mundial do bárbaro crime.
O fato de os assaltantes terem gritado à saída “Alá é grande e o Profeta foi vingado!” funcionou como estímulo à islamofobia.
Agência Efe (18.mai.2012)
Obama e Hollande, em encontro em Washington: terrorismo cresceu após agressão a países muçulmanos
Na última semana, organizações de extrema direita da Alemanha, dos EUA e da França promoveram manifestações racistas dirigidas contra as comunidades muçulmanas desses países. Tais iniciativas tendem agora a multiplicar-se.
O presidente François Hollande, ao condenar o monstruoso atentado, afirmou que a França “está em choque”. Chefes de Estado e de governo de todo o mundo expressam solidariedade e horror.
É lamentável, mas significativo que o discurso dos políticos e os comentários dos media sejam omissos quanto a uma questão fundamental. Responsabilizam o terrorismo, reafirmam a determinação de lhe dar combate onde quer que desenvolva a sua ação criminosa, mas abstêm-se de referências às causas do surto de barbárie terrorista.
NULL
NULL
Obama e os seus aliados europeus, sobretudo Hollande e Cameron, têm telhados de vidro. Não podem confessar que o terrorismo cresceu em escala mundial desde que o imperialismo norte-americano (com o apoio do estado fascista de Israel) iniciou agressões em serie a países muçulmanos.
A guerra do Golfo foi um prólogo. Mas foi apos os atentados do 11 de Setembro de 2001, com a invasão e ocupação do Afeganistão que essa estratégia assumiu, com Bush filho, caráter prioritário.
A segunda Guerra do Iraque, o reforço da presença no Afeganistão, a agressão à Líbia, o apoio na Síria a organizações terroristas configuram crimes contra a humanidade.
Leia mais: Manifestantes saem às ruas na Europa em solidariedade às vítimas do atentado em Paris
Invocando sempre como pretexto para guerras abjetas a democracia e a defesa dos direitos humanos, os EUA mataram centenas de milhares de muçulmanos, destruíram cidades, introduziram a tortura, semearam a miséria e a fome no Médio Oriente e na Ásia Central.
Nesta hora em que os franceses choram os mortos de Charlie Hebdo é necessário recordar que Sarkozy e Hollande foram cúmplices de muitos dos crimes do imperialismo norte-americano.
E indispensável lembrar que muitos dos assassinos do chamado Estado Islâmico foram treinados pela CIA e por militares dos EUA. Washington fomentou o terrorismo proclamando que o combatia.
Os Editores de ODiario.info