Atualizada às 10h57
Diante de um país em alerta máximo pelo risco de um novo ataque terrorista, o primeiro-ministro, Manuel Valls, afirmou nesta quinta-feira (08/01) que foram presas várias pessoas por suspeita de terem alguma relação com o atentado realizado ontem contra a sede da revista satírica Charlie Hebdo De acordo com a imprensa francesa, são sete os detidos até o momento por suposta ligação com os principais suspeitos, os irmãos Said e Chérif Kouachi, de 34 e 32 anos. “Estamos diante de uma ameaça terrorista sem precedentes” e “centenas” de indivíduos são monitorados por possíveis relações com o terrorismo, afirmou Valls.
Agência Efe
Hollande e Sarkozy após reunião hoje no alácio do Eliseu
Também na manhã desta quinta, o presidente francês, Francois Hollande, realizou uma reunião de crise com os membros de seu governo para discutir a operação que será realizada para prender os responsáveis pelo ato e já identificados pela polícia. O ex-mandatário Nicolas Sarkozy também foi recebido no Eliseu para analisar o ocorrido e discutir ações futuras.
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Hollande quer que a ação seja do Estado, não do governo e por isso realizará encontros com partidos e instituições de oposição como Marine Le Pen, da Frente Nacional, François Bayrou, da União para a Democracia Francesa e Jean-Luc Mélenchon, do Partido de Esquerda.
Fotos dos irmãos foram divulgadas pela Polícia na noite desta quarta (07/01) junto à de um terceiro, Mourad Hamyd, de 18 anos, que se entregou em uma delegacia da cidade de Charleville Mézières (nordeste da França) ao saber que estava sendo procurado. Hamyd, no entanto, negou qualquer relação com o atentado.
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O presidente francês lembrou ainda que hoje se vive um dia de luto nacional porque “a França foi atacada em seu coração, em sua capital, em um lugar onde soprava um vento de liberdade, e portanto de resistência”.
Suspeitos eram monitorados
Said e Chérif Kouachi eram conhecidos e seguidos pelo serviço secreto francês, disse Valls em entrevista para a emissora de rádio RTL. Chérif K. foi julgado em 2005 por fazer parte de uma célula de envio de jihadistas ao Iraque que teria recrutado uma dezena de jovens para combater no Iraque entre 2003 e 2005.
O primeiro-ministro disse ainda que, nos últimos anos, as forças da ordem frustraram “várias” tentativas de atentados na França e que “dezenas” de supostos terroristas foram presos.
Agência Efe
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Com relação a uma possível falha na ação do serviço de segurança para evitar o ataque contra a Charlie Hebdo, Valls não descartou a hipótese e disse que tudo será investigado.
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O governo francês elevou o alerta antiterrorista ao nível máximo e mobilizou mais de três mil efetivos das forças de segurança na operação de busca e captura dos autores do ato.
No mesmo sentido, a Espanha elevou nesta quinta o nível de alerta antiterrorista para três, o segundo maior, o que indica a existência de um risco muito alto de um possível atentado contra o país. Desta forma, serão deslocadas as forças e corpos de segurança para as ruas, principalmente de ação antidistúrbios. Também será adotado um plano preventivo para a proteção de infraestruturas críticas com o objetivo de prevenir um possível atentado jihadista.
O anúncio foi feito pelo ministro do Interior, Jorge Fernández Díaz, que tranquilizou a população ao dizer que não há motivo para “alarme adicional” e ressaltou que há apenas “uma ameaça genérica”. O país classifica o nível de risco de um atentado em cinco. O nível de normalidade (sem risco de atentado), o nível 1 (risco médio), nível 2 (alto risco), nível 3 (risco muito alto) e nível 4 (risco extremo).
Ataques
Todo o operativo da polícia e inteligência francesa não foi suficiente, no entanto, para evitar novas ações no país.
Na manhã desta quinta, no sul de Paris ocorreu um tiroteio que, de acordo com agências internacionais, resultou na morte de uma pessoa e deixou outras duas feridas. Um homem vestido com um colete à prova de balas abriu fogo em Porte de Chatillon, na zona sul de Paris. Não há, até o momento, confirmação de qualquer relação a ação e o atentado à Charlie Hebdo.
Além disso, uma explosão atingiu um restaurante árabe próximo a uma mesquita em Villefranche-sur-Saône no leste do país e não deixou vítimas.
Em Port-la-Nouvelle, no sul, foram realizados disparos contra uma sala de oração, que estava vazia.
E, no centro da França, em Le Mans, três granadas do Exército foram lançadas contra uma mesquita. A ação também não provocou vítimas.
(*) com agências