A mineração foi um dos setores mais abalados pela crise econômica mundial no Peru, trazendo como principal consequência o desemprego na atividade que chegou a 8,5% na região metropolitana de Lima – no mesmo período do ano passado o índice era de 7,9%.
Desde o início do ano, algumas mineradoras do Peru pediram proteção ao crédito, enquanto outras fecharam as portas. Foi o caso da Doe Run, na cidade de La Oroya, em Junín, zona central dos Andes peruanos. Em junho, a empresa que conta com 20 mil empregados paralisou as atividades, sem previsão de retorno. Enquanto isso, os funcionários permanecem em casa, sem receber salários.
Em Junín, a maior região mineradora do país com pouco mais de um milhão de habitantes, 33 mil pessoas estão afastadas de seus postos de trabalho, seja por demissão ou temporariamente, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho.
Além da crise econômica, a atividade mineradora na região também gera descontentamento por conta das políticas ambientais. La Oroya é considerado um dos lugares mais poluídos do planeta, onde grande parte dos 35 mil habitantes sofre com altos níveis de chumbo e arsênico no sangue. Os membros do sindicato do setor e o dono da mineradora Doe Runa, o empresário de Nova York Ira Rennert, afirmam que o governo não tem feito sua parte na limpeza ambiental.
O comunicado da central de sindicados de mineradoras de La Oroya diz que os trabalhadores da atividade pedem é que os fornos não sejam fechados e que medidas contra a poluição sejam tomadas para melhorar a qualidade de vida da população.
A exploração de minérios é um dos pilares da economia peruana, sendo responsável por cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB). O país também é o terceiro produtor mundial de prata, o quarto de zinco, o quinto de estanho e o oitavo de cobre.
Baixa inflação
Apesar da crise, a atividade mineradora não é apontada como responsável pelo aumento na desaprovação do presidente do Peru, Alan García, segundo disseram os analistas Bernardino Ramirez e León Portocarrera, em entrevista ao Opera Mundi.
“O descontentamento com a política econômica do presidente Alan García se deu em setores específicos da sociedade, como a classe operária”, explicou Portocarrera, do Instituto de Opinião Pública da Universidade Católica do Peru.
Bernardino Ramirez explicou que o país andino foi um dos menos afetados pela crise econômica mundial, graças à oferta que possui de matérias-primas (commodities).
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Em 2008, a inflação no Peru foi de 3,50%, uma das menores entre as economias da América Latina; a brasileira foi de 5,9%,e a chilena de 7,1%. O contrário não ocorreu no primeiro mandato (1985-1990), concluído em meio a uma grave crise econômica, com uma hiperinflação de 7.600%. Em 2005, ano anterior ao início do mandato de García, o índice era de 3,8%. Um ano depois, a inflação foi de 1,60% e, em 2007, ficou em 2,10%.
Em 2008, o crescimento econômico do país foi de 9,2%. Para este ano, a última previsão do FMI (Fundo Monetário Internacional) foi de 5%, número considerado um dos melhores estimados para os países em desenvolvimento.
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