Atualizada às 14h20
Enquanto os casos e mortos por covid-19 no Brasil seguem uma acelerada trajetória de curva, o presidente Jair Bolsonaro ordenou que os boletins do Ministério da Saúde que divulgam o número de vítimas do coronavírus fosse atrasado para as 22h, a fim de que não dê tempo para ser exibido nos telejornais noturnos. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (05/06) pelo jornal Correio Braziliense.
A divulgação dos números era, durante a gestão do então ministro Luiz Henrique Mandetta, feita por volta das 17h. Com a nomeação de Nelson Teich para o cargo, as entrevistas coletivas sobre o assunto deixaram de acontecer diariamente e os números passaram a ser divulgados por volta das 19h.
Nesta semana, no entanto, o ministério alegou “problemas técnicos” e passou a divulgar o número às 22h, depois da exibição do Jornal Nacional, telejornal da TV Globo que é o mais visto do país, e até do Jornal da Record, emissora aliada ao bolsonarismo. Os totais continuam a ser fechados às 19h, mas só serão divulgados no horário determinado pelo presidente.
Segundo o Correio Braziliense, a decisão do governo de atrasar a divulgação dos números é permanente.
Marcos Corrêa/PR
Bolsonaro mandou atrasar divulgação de números de coronavírus para evitar telejornais noturnos
A não divulgação dos números a tempo de aparecer nos telejornais noturnos não evita, no entanto, que as mortes continuem a bater recordes. Segundo os dados do próprio governo, o Brasil soma até agora 34.021 mortes por causa da covid-19. O número de confirmações de óbitos em 24 horas continua acima de mil por dia e chegou a 1.453. Com esse resultado, o país ultrapassou a Itália, agora o terceiro país com mais notificações de mortes por causa da pandemia.
Até o momento, 614.941 brasileiros tiveram confirmação de que foram infectados. Nas últimas 24 horas foram 30.925 novos registros. Do total, somente 41,5% dos contaminados se recuperaram. Isto quer dizer que há hoje 325.957 pessoas doentes com covid-19 no país.
Durante entrevista coletiva nesta quinta-feira, o secretário substituto de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Eduardo Macário, foi perguntado sobre os níveis de subnotificação, mas não deu nenhum dado concreto em sua resposta.
“Existem vários estudos. Tem um estudo recente da Universidade de Pelotas, que tem umas estimativas. Mas assim, é muito difícil precisar em relação a isso” afirmou Macário, completando que o governo trabalha para ter diminuir a subnotificação e ter precisão dos números.
(*) Com Brasil de Fato