O estado do Amazonas vive uma crise sanitária por conta da covid-19. Com internações batendo recorde, unidades de saúde estão sem oxigênio, principalmente em Manaus. A situação da região repercutiu em diversos periódicos pelo mundo.
O jornal britânico The Guardian destacou que os profissionais de saúde da região “imploram por ajuda e oxigênio” após o colapso nos hospitais.
“Trabalhadores da saúde do maior estado do Brasil estão implorando por ajuda e suprimentos de oxigênio após uma explosão nos casos e mortes por covid-19 que foi comparada por uma autoridade com um tsunami”, disse o periódico.
O jornal ainda lembrou que a região de Manaus foi atingida “pela primeira onda da epidemia em abril passado”, quando “autoridades foram forçadas a cavar valas comuns”.
“Detalhes horríveis emergiam de um colapso no sistema público de saúde, com relatos de muitos pacientes morrendo depois que hospitais públicos e unidades de emergência ficaram sem oxigênio”, disse o Guardian.
A publicação britânica ainda destacou que especialistas e cientistas “passaram meses pedindo às autoridades a impor algum tipo de bloqueio” para que fosse evitada uma situação como a de agora. “A penúltima petição, em 4 de janeiro, advertia que Manaus estava novamente ‘mergulhada no caos’ e implorava: ‘Precisamos salvar vidas e não repetir a tragédia sanitária e humanitária de 2020 em 2021′”, afirmou.
Por sua vez, a emissora multiestatal Telesur destacou as imagens que circulam nas redes sociais mostrando civis carregando cilindros de oxigênio para as unidades. A rede televisiva também afirmou que, mesmo com reconhecimento do governo federal sobre a situação, aeronaves das Forças Armadas que realizam o transporte de oxigênio “estão em manutenção em meio a uma pandemia”.
Marcio James / Semcom
Com internações batendo recorde no Amazonas e Manaus, unidades de saúde estão sem oxigênio
“Apesar do anúncio do governo Bolsonaro da transferência de cilindros de oxigênio, sabia-se que as aeronaves das Forças Armadas destinadas a essa operação estavam em manutenção em meio a uma pandemia”, disse.
A emissora catari Al Jazeera também repercutiu os acontecimentos de Manaus e destacou que o “Brasil abriga o segundo surto de coronavírus mais letal do mundo”. A rede ainda lembrou da nova variante que foi descoberta no Amazonas e, citando pesquisadores, apontou que a mutação “pode estar contribuindo para o aumento acentuado de casos no estado”.
O jornal argentino Clarin recordou que, com o “colapso do sistema de saúde”, o governo do Amazonas decretou toque de recolher para tentar conter o avanço de casos no estado. Para o diário, o Brasil enfrenta uma “intensificação” da pandemia, que já deixou mais de 206 mil mortos.
“Segundo dados do município, a cidade [de Manaus] registrou o quarto recorde diário consecutivo de enterros: 198 pessoas foram enterradas na quarta-feira, das quais 87 morreram de covid-19”, diz o Clarin.
Ainda sobre a situação brasileira, o jornal aponta que a vacinação contra a covid-19 no país não começou, afirmando que há uma “luta política e diferenças” entre o governo federal e os governadores dos principais estados brasileiros.