Atualizada às 20h12
O Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS, na sigla em inglês) dos Estados Unidos publicou um relatório em que afirma ter pressionado o Brasil para que o país não comprasse a vacina russa contra a covid-19, a Sputnik V.
A publicação, que faz um balanço das atividades do órgão em 2020, está no site do HHS desde janeiro deste ano. A informação veio à tona após a fabricante da Sputnik V destacar o trecho em uma publicação pelo Twitter nesta segunda-feira (15/03).
“Acreditamos que os países devem trabalhar juntos para salvar vidas. Os esforços para minar as vacinas são antiéticos e estão custando vidas”, escreveu o fabricante da vacina.
Em um ponto do documento intitulado “combatendo influências malignas nas Américas”, o HHS afirma que, através do Escritório de Assuntos Globais (OGA, na sigla em inglês), “usou relações diplomáticas nas Américas para mitigar esforços de Estados como Cuba, Venezuela e Rússia, que estão trabalhando para aumentar sua influência na região em detrimento da segurança dos EUA”.
Segundo o HHS, o OGA coordenou, “em conjunto com outras agência do governo dos EUA o fortalecimento de laços diplomáticos e ofereceu assistência técnica e humanitária para dissuadir países da região a aceitarem ajuda desses Estados mal-intencionados”.
“Exemplos incluem o escritório de saúde do OGA persuadir o Brasil a rejeitar a vacina russa contra a covid-19 e oferecer assistência técnica do CDC (Centro de Controle de Doenças) em troca do Panamá não aceitar uma oferta de médicos cubanos”, diz o texto.
Em nota enviada a Opera Mundi, o Ministério das Relações Exteriores negou que a “Embaixada do Brasil em Washington” tenha recebido qualquer “consulta ou gestões” de autoridades ou empresas norte-americanas em relação a uma “eventual compra, pelo Brasil, da vacina russa contra a covid-19”.
Segundo o Itamaraty, as negociações do país para a aquisição de vacinas contra a covid-19 estão sendo “norteadas por princípios como o senso de urgência e a escolha soberana de fornecedores”, afirmando que as conversas de compra do medicamento russo são discutidas entre a empresa União Química e do Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF) “sujeita à aprovação da ANVISA”.
A reportagem ainda entrou em contato com o Ministério da Saúde, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.
O Departamento de Saúde dos Estados Unidos confirmou publicamente que pressionou o Brasil contra a Sputnik V. Os países devem trabalhar juntos para salvar vidas. Os esforços para minar as vacinas são antiéticos e custam vidas.
?https://t.co/Ga5i4zvbCt Pág. 48 pic.twitter.com/9mszFs3iYQ— Sputnik V (@sputnikvaccine) March 15, 2021
ABI
Relatório do Departamento de Saúde e Serviços Humanos diz que órgão atuou para ‘mitigar esforços de Estados como Cuba, Venezuela e Rússia’
Vacina no Brasil
O Ministério da Saúde assinou na última sexta-feira (12/03) um contrato para compra de dez milhões de doses da Sputnik V. A vacina ainda não possui aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial.
Antes disso, o Consórcio Nordeste, que reúne os governadores da região brasileira, também anunciou um acordo para adquirir o imunizante russo, garantindo a compra de 39,6 milhões de doses da vacina, que tem eficácia comprovada de 91,6%.
Até o momento, o Brasil aplica doses de apenas duas vacinas, a CoronaVac, parceria do Instituto Butantan com a chinesa Sinovac, e a Covishield, parceria da Fiocruz com a AstraZeneca/Oxford.
O Brasil registrou novamente mais de 1.000 mortos pela covid-19 em 24 horas, segundo boletim do Ministério da Saúde divulgado neste domingo (14/03).
De acordo com a pasta, 1.127 pessoas morreram nesse período, fazendo o total de óbitos pelo coronavírus no país chegar a 278.229.
O ministério contabilizou ainda 43.812 novos casos da covid-19. Ao todo, o número de infectados é de 11.483.370.
*Com Sputnik