Diário, será que agora que passou o meu aniversário, eu saio do meu inferno astral? Vou ligar pro Olavo pra saber.
Pelo que tem acontecido, acho que não. Olha só:
1-) Uma tal de Associação de Advogados e Advogadas pela Democracia, Justiça e Cidadania está querendo me interditar por loucura. Mas eu não sou louco, pô! E eu sei disso porque todo dia eu pergunto pro cara do espelho se eu estou maluco e ele diz que não.
2-) No meu aniversário fizeram um panelaço. E teve gente que, em vez de cantar “é pique, é pique”, cantou “impitimem, impitimem”. Pô, esse tal de panelaço tem que acabar!
3-) Tô sentindo que os 107 empregados do Palácio da Alvorada estão me olhando torto. São secretárias, cozinheiros, garçons, copeiros, seguranças, motoristas, piscineiros e faxineiras que estão morrendo de medo de pegar o coronavírus. Mas o que eles querem que eu faça? Que eu mande todo mundo pra casa e continue pagando salário? Tão pensando que eu sou o quê? Papai Noel? Bando de va-ga-bun-dos!
4-) O Ricardo Salles soltou um vídeo de janeiro em que o Dráuzio Varela diz que o covid-19 não é grande coisa. Boa, Ricardão, tem que usar as coisas antigas deles mesmo. E sem avisar que são antigas, senão não tem graça.
5-) Ninguém acredita que eu não peguei o vírus. Tão até me chamando de “presidoente”. Pô, se tem uma coisa que eu odeio desde moleque é apelido. Aliás, Diário, no exército me chamavam de “palmito” porque as minhas pernas eram finas e brancas. Mas depois, por preguiça do pessoal, virou só “mito”. Ainda bem que os meus fãs não sabem essa história.
6-) Eu e os garotos (que os maldosos tão chamando de Dudu Bananinha, Flávio Laranjinha e Carlos Abobrinha) fizemos um vídeo aqui no jardim do Palácio dizendo que o Hospital Alberto Einsten (é Alberto ou Roberto?) já achou uma cura pro coronavírus e o laboratório do exército vai produzir o negócio. Na verdade, o treco ainda está começando a ser testado. Mas eu tinha que dar alguma notícia boa, pô.
7-) A verdade, Diário, é que eu tô mais perdido que azeitona em boca de banguela. Mas vou fingir que estou tranquilo. Em fingir eu sou bom.
PS: Esperto é o Queiroz, que tá em quatrocentena.
(*) José Roberto Torero é escritor e jornalista, autor de livros como Papis et Circensis e O Chalaça. O Diário do Bolso é uma obra ficcional de caráter humorístico.
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