O governo dos Estados Unidos deu aval à indicação do filho do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo (PSL-SP), para a embaixada do Brasil em Washington. O processo, conhecido no jargão diplomático como agrément, se dá quando um país envia ao governo de outra nação o nome daquele que quer nomear como seu representante naquele local, para verificar se há restrições ao nome.
A resposta foi enviada pelo governo norte-americano a Brasília na quinta-feira (08/08). Agora, o presidente precisa enviar uma mensagem ao Senado, que avalia as indicações feitas pelo Executivo para postos diplomáticos no exterior. Isso é feito por meio de uma mensagem no Diário Oficial da União.
Quando isso for feito, a Comissão de Relações Exteriores do Senado, presidida pelo senador Nelsinho Trad (MDB-MS), agenda uma sabatina com o indicado, que se submete à votação dos integrantes da comissão. Depois disso, a indicação é enviada ao plenário, onde precisa ser aprovada por maioria simples. Só depois deste processo é que o presidente pode nomear o embaixador.
Filho de Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro anunciou no dia 11 de julho que havia tomado a decisão de enviar o filho, que é deputado federal por São Paulo, para o posto de embaixador em Washington. O anúncio veio um dia depois de o parlamentar completar 35 anos, idade mínima para assumir o cargo.
O favorito para o posto era o diplomata Nestor Forster, que contava com o apoio do chanceler Ernesto Araújo e era bem visto entre os que gravitam em torno do guru ideológico e autointitulado filósofo Olavo de Carvalho. O país está sem embaixador em Washington desde a remoção de Sergio Amaral, em abril.
Agência Brasil
EUA enviaram agrément ao nome de Eduardo Bolsonaro para Washington
Em meio às críticas, inclusive de aliados, de que não teria as qualificações para assumir o cargo, Eduardo citou o fato de ter “fritado hambúrguer” nos EUA. “É difícil falar de si próprio. Eu não sou o filho de deputado que está, do nada, vindo a ser alçado a essa condição. Existe um trabalho sendo feito, sou presidente da Comissão de Relações Exteriores [da Câmara], tenho uma vivência pelo mundo”, disse.
“Já fiz intercâmbio, já fritei hambúrguer lá nos Estados Unidos, no frio do Maine, estado que faz divisa com o Canadá. No frio do Colorado, numa montanha lá, aprimorei o meu inglês, vi como é o trato receptivo do norte-americano para com os brasileiros. Então acho que é um trabalho que pode ser desenvolvido. Certamente precisaria contar com a ajuda dos colegas do Itamaraty, dos diplomatas, porque vai ser um desafio grande. Mas eu acho tem tudo para dar certo”, disse. O restaurante em que o deputado disse ter trabalhado não serve hambúrguer em suas filiais nos Estados Unidos.
Eduardo disse, também, que não via nepotismo em uma eventual nomeação para Washington. “A súmula vinculante do Supremo, que trata do nepotismo, permite a indicação política do presidente, então acredito que isso não seria óbice a uma possível nomeação”, afirmou. Na época, o ministro do STF Marco Aurélio Melo disse ver, sim, um caso de nepotismo na nomeação.
Irritação
O presidente tem mostrado irritação com os questionamentos sobre a indicação do filho, insistindo que não vê nepotismo na ação. “Indicado [para embaixada] tem que ser filho de alguém, por que não meu?”, disse Bolsonaro em entrevista à jornalista Leda Nagle.
Em julho, Bolsonaro reclamou das críticas. “Por que essa pressão em cima de um filho meu? Ele é competente ou não é competente? Dentro do quadro das indicações políticas, vários países fazem isso. E é legal fazer no Brasil também”, disse a jornalistas na saída do Palácio da Alvorada, em Brasília.