Autoridades palestinas declararam nesta quarta-feira (11/05) que irão denunciar Israel pelo assassinato da jornalista Shireen Abu Akleh, correspondente palestina da emissora catari Al Jazeera, ao Tribunal Penal Internacional, em Haia. A decisão foi informada pelo ministro de Assuntos Civis, Hussein Al Sheikh, nas redes sociais.
نحمل حكومة الاحتلال مسؤولية اغتيال الصحفية شيرين ابو عاقلة رحمها الله. وننفي ما اعلنه رئيس حكومة الاحتلال عن توجههم للسلطة الفلسطينية باجراء تحقيق في اغتيالها . ونؤكد ان السلطه الفلسطينية ستحول هذا الملف الى محكمة الجنايات الدوليه.
— حسين الشيخ Hussein Al Sheikh (@HusseinSheikhpl) May 11, 2022
O Ministério das Relações Exteriores do Estado da Palestina, por sua vez, exigiu que o TPI abra “imediata e urgentemente uma investigação sobre os crimes de Israel contra jornalistas e pessoal da mídia”.
A pasta ainda afirmou que “Israel atacou e matou deliberadamente Shireen Abu Akleh, que é mais uma vítima da inação deliberada da comunidade internacional em responsabilizar Israel por seus crimes contínuos”.
Israel deliberately targeted and assassinated Shireen AbuAqla. Shireen is another victim of the international community’s willful inaction to hold Israel accountable for its continued crimes; pic.twitter.com/ekDb6Qx1DM
— State of Palestine – MFA (@pmofa) May 11, 2022
“Com sua reportagem destemida e sua poderosa persistência, Shireen se tornou um ícone da verdade. Uma heroína nacional para aqueles cujas vozes foram silenciadas pelos crimes de Israel”, acrescentou o Ministério sobre a jornalista.
“Investigação imparcial e independente”
Em entrevista à Al Jazeera, Sherif Mansour, coordenador do Programa do Oriente Médio e Norte da África do Comitê de Proteção a Jornalistas, pediu uma investigação “abrangente e transparente” sobre o crime contra a jornalista.
“O momento é crucial aqui porque está acontecendo exatamente um ano depois que a ONU pediu uma investigação sobre as ações das autoridades israelenses contra pelo menos 28 meios de comunicação no ano passado”, afirmou Mansour, acrescentando que espera que esse caso “encoraje as capitais ocidentais” a se posicionar diante de autoridades israelenses.
O coordenador disse ainda que o comitê documentou pelo menos 18 casos de jornalistas mortos em Israel e nos territórios palestinos ocupados desde 1992, acrescentando que “não houve justiça” em nenhum desses casos.
Twitter/@ShireenNasri
Jornalista palestino-americana Shireen Abu Aqleh, uma das estrelas do canal Al Jazeera, morreu ao ser atingida por tiros nesta quarta
Já o porta-voz chefe do serviço diplomático da União Europeia, Peter Stano, afirmou que uma investigação “completa e independente” deve acontecer de forma a “esclarecer todas as circunstâncias desses incidentes o mais rápido possível e que os responsáveis sejam levados à justiça”.
Por sua vez, a Casa Branca também condenou o assassinato de Abu Akleh, descrevendo-a como uma “lenda da reportagem”
“Pedimos uma investigação imediata, completa e total responsabilidade. Sua morte é uma perda trágica e uma afronta à liberdade de mídia em todos os lugares, afirmou a representante por meio das redes sociais.
We call for an immediate and thorough investigation and full accountability. Investigating attacks on independent media and prosecuting those responsible are of paramount importance.
— Jen Psaki (@PressSec) May 11, 2022
A jornalista palestino-americana Shireen Abu Aqleh, uma das estrelas do Al Jazeera, morreu ao ser alvejada na cabeça, nesta quarta, quando cobria uma operação do exército israelense no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada.
O cinegrafista Ali al-Samoudi, que a acompanhava, foi ferido nas costas, mas está em condição estável. “Nós íamos filmar o ataque do exército israelense e, de repente, eles atiraram em nós sem nos pedir para sair ou parar de filmar. A primeira bala me acertou e a segunda acertou Shireen. Não houve resistência militar palestina no local”, relatou Ali al-Samoudi.
A emissora Al Jazeera afirmou que a repórter, uma palestina cristã de 51 anos, foi assassinada “deliberadamente e a sangue frio” pelas forças de Israel, exigindo que a comunidade internacional responabilize Tel Aviv. O primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, alegou por sua vez que “provavelmente” a correspondente foi morta por tiros palestinos.
(*) Com Brasil de Fato e TeleSur.