Você sabia que os Estados Unidos têm muitos partidos? Não? Sempre achou que só existem estadunidenses Republicanos e Democratas? Achou errado…
Nos últimos dois vídeos, nós contamos a história do partido Republicano, de Donald Trump, e do partido Democrata, do candidato Joe Biden.
É comum dizer que os EUA têm um sistema bipartidário – mas isso não quer dizer que só existam o partido democrata e o partido republicano. Acredite se quiser: há mais partidos nos Estados Unidos do que no Brasil. Se aqui nós temos, segundo o TSE, 33 partidos, lá a lista pode chegar a quase 70, dependendo da sua fonte.
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E tem de tudo. A lista é mais impressionante que a brasileira. Tem o partido “O Aluguel Tá Muito Caro”, tem o “Partido da Liberdade Cristã”, tem o “Partido Transhumanista” e tem até o “Partido Nazista Americano”.
Por enquanto, não precisa se assustar. Alguns deles, como o nazista, nunca lançam candidatos a cargo nenhum. Além disso, a maioria não tem relevância no sistema político norte-americano e não são capazes de eleger nem conselheiros de condomínios.
Isso acontece porque se, por um lado, o sistema facilita a criação de partidos, por outro, torna muito difícil que candidatos desses partidos pequenos tenham projeção, mesmo a nível local.
No nosso vídeo sobre o colégio eleitoral, explicamos que cada Estado tem poder para decidir suas regras. Não existe um órgão central, como no Brasil, que autorize a nível nacional uma candidatura a presidente, por exemplo.
Por isso, se um partido quiser lançar alguém a presidente, precisa registrar a candidatura nos 50 estados mais o Distrito de Colúmbia para aparecer na cédula. Em alguns desses Estados, é possível só escrever o nome do candidato; em outros, não tem jeito, é só com registro.
Apesar dessas dificuldades, de vez em quando os partidos menores conseguem alterar o mapa eleitoral normalmente dividido entre democratas e republicanos. A última vez que um candidato independente concorreu e obteve um resultado relevante foi Ross Perot, um bilionário reacionário, em 1992, quando conseguiu 18,9% dos votos.
Porém, a última vez em que um candidato de terceiro partido ganhou algum voto no colégio eleitoral – que é o que importa – foi em 1968, quando o segregacionista George Wallace, do Partido Independente Americano, de extrema-direita, ganhou em cinco estados e recebeu 46 votos eleitorais. Não o suficiente para impedir a vitória do republicano Richard Nixon.
De qualquer forma, existem poucos partidos relevantes nos EUA além dos democratas e dos republicanos. Na eleição de 2020, por exemplo, há somente um partido que conseguiu colocar seus candidatos em todos os Estados: o ultraliberal Partido Libertário, que indicou Jo Jorgensen à presidência.
O ambientalista Partido Verde, por sua vez, ficou de fora em quatro Estados, mas vai às eleições com a candidatura de Howie Hawkins, que ficou fora de quatro Estados.
Além desses dois, somente mais um partido – o Partido pelo Socialismo e pela Libertação (não confunda com o nosso Psol), de esquerda – tem a possibilidade de conseguir mais de 270 votos, que é o necessário para ganhar a eleição. Mas a candidata Gloria La Riva teria que contar com a sorte e a caneta do eleitor: ela está na cédula em 14 Estados e no Distrito de Colúmbia, mas, em outros cinco, ela só pode receber o voto se o eleitor escrever o nome dela na cédula. Nos 31 restantes, sem chance.
Os candidatos sabem que a chance de vitória é mínima, mesmo nas eleições locais. A ideia, normalmente, não é vencer, mas marcar posição e divulgar suas ideias, que normalmente não teriam tanta atenção se não fosse pelo evento em si.
E isso é especialmente importante tratando-se de Estados Unidos, onde a maioria das pessoas nem sabe que existe qualquer outra coisa além de democratas e republicanos. Faz uma conta rápida na sua cabeça: de quantos partidos de esquerda dos EUA você já ouviu falar?
Difícil, né? Mas tem vários, e de várias correntes. E são tantos que não dá nem tempo de falar todos. Trotskistas há pelo menos três: o Partido da Igualdade Socialista, a Ação Socialista – os dois, com candidatos à presidência – e a Alternativa Socialista, que elegeu uma vereadora em Seattle em 2019.
Marxistas-leninistas? Tem também. O Partido pelo Socialismo e Libertação, do qual falamos agora há pouco, é um deles. Outro é o Partido dos Trabalhadores do Mundo, que tem dentre seus objetivos lutar contra o imperialismo.
E do Partido Comunista dos Estados Unidos, você já ouviu falar? Em 2020, ele não está com candidato próprio, mas, em 1980, fez história lançando a primeira mulher negra à vice-presidência, a ativista Angela Davis – e repetiu o feito em 1984.