O deputado israelense Ofer Cassif, um dos três representantes da coalizão Hadash, liderada pelo Partido Comunista, anunciou neste domingo (07/01) que é a favor do processo contra Israel no Tribunal Penal de Haia.
Segundo o parlamentar, a decisão de juntar-se e apoiar a denúncia é um “dever constitucional” para com a sociedade de Israel, “não com um governo cujos membros e a sua coligação apelam à limpeza étnica e até mesmo ao genocídio”.
Cassif é membro do Knesset (Parlamento do país) dentro de uma corrente de quatro partidos políticos. Sendo um dos membros judeus na aliança, ele atua como representante da coalizão de esquerda Hadash, um grupo árabe-israelense que inclui o Partido Comunista israelense.
A denúncia contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ), principal órgão judicial das Nações Unidas, partiu do governo da África do Sul por conta de “atos de genocídio contra o povo palestino em Gaza”.
Para o deputado, aqueles que “prejudicaram o país e o povo” são os que levaram as autoridades sul-africanas a “recorrer ao Tribunal de Haia”. Cassif disse que não irá desistir da “luta pela nossa existência como sociedade moral”. O ativista frisou ainda que a sua posição é o significado do verdadeiro patriotismo e “não guerras de vingança e apelos à destruição, derramamento de sangue desnecessário e o sacrifício de civis e soldados em guerras fúteis”.
A declaração foi recebida com críticas por outros colegas de partido, como Sharon Nir de Yisrael Beiteinu, que sugeriu a Cassif a renúncia ao Knesset e disse ter certeza de que os apoiadores do terrorismo “o receberiam de braços abertos”. O deputado também já recebeu críticas por correligionários a respeito dos posicionamentos contra a atuação das Forças Armadas de Israel.
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As críticas de Cassif a Israel é constante durante este ano, mesmo antes da atual ofensiva israelense
Em outubro, após o início dos ataques israelenses a Gaza, Cassif ficou 45 dias suspenso do Parlamento por críticas à ofensiva. À época, o deputado afirmou em declarações que a operação militar contra os palestinos seria parte de um “plano fascista” orquestrado por Bezalel Smotrich, ministro das Finanças do governo do premiê Benjamin Netanyahu.
Agora, a fração do partido Israel Beitenu começou a recolher assinaturas nesta segunda-feira (08/01) para expulsar Cassif do Knesset após o apoio à denúncia em Haia.
Além de deputado, Cassif é ativista político há décadas. Ele foi o primeiro israelense a ser preso por se recusar a servir nos Territórios Ocupados durante a Primeira Intifada. Na mesma época, ingressou no Partido Comunista e serviu como assistente parlamentar de Meir Vilner, uma das principais figuras do partido.
O radicalismo de Cassif o tornou alvo de violência policial e ameaças de morte. Cada vez mais, a violência dos colonos israelenses têm como alvo os judeus que oferecem qualquer tipo de crítica ao primeiro-ministro Netanyahu e às políticas de ocupação de Israel.