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Guerra na Ucrânia

Após ofensiva russa contra Ucrânia, universidade italiana censura curso sobre Dostoiévski

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Universidade voltou atrás após professor publicar vídeo denunciando o ocorrido; outros eventos relacionadas ao escritor russo foram cancelados no país

Camila Araujo

São Paulo (Brasil)
2022-03-02T22:40:00.000Z

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A Universidade Bicocca, localizada em Milão, na Itália, cancelou um curso livre e gratuito sobre a obra do escritor russo Fiódor Dostoiévski por conta do conflito entre Rússia e Ucrânia. Em resposta a esta decisão, o professor Paolo Nori, responsável por ministrar a aula, acusou a instituição de cometer uma "censura".

"O que está acontecendo na Ucrânia é uma coisa horrível e eu sinto vontade de chorar só de pensar nisso”, declarou ele, acrescentando que, no entanto, “o que está acontecendo na Itália hoje é ridículo: censurar um curso é ridículo”.

Indignado, o pesquisador da obra de Dostoiévski veio à público por meio de um vídeo no Instagram informando o acontecimento e declarando que o ato se tratava de uma “censura”. O professor defendeu ainda que ser russo na Itália é uma "falha", estando a pessoa viva ou morta, em referência a Dostoiévski. "É uma falha ser um russo que foi condenado à morte quando estava vivo em 1849 porque tinha lido uma coisa proibida”, declarou.

O escritor que viveu no século XIX na Rússia czarista foi condenado à morte em 16 de novembro de 1849 por supostamente ter lido trabalhos clandestinos de Vissarion Grigorievich Bielínski, um ensaísta e filósofo, autor da peça de teatro Dmitri Kalinin, que fazia críticas ao estado de servidão medieval pelo qual passava uma parte do país naquele momento. A pena, no entanto, não foi consumada.

A repercussão do caso e a solidariedade dedicada a Nori nas redes sociais fez com que a universidade voltasse atrás. Em comunicado, a instituição disse que “está aberta ao diálogo e à escuta, mesmo neste período muito difícil marcado pela escalada do conflito” entre Rússia e Ucrânia e afirmou que o curso, intitulado “Entre a escrita”, cujo objetivo é “desenvolver competências transversais através das formas de escrever”, está mantido. Além disso, diz o texto, o reitor da Universidade se reunirá com Paolo Nori na próxima semana “para um momento de reflexão”. 

A ministra italiana para  Universidade e Pesquisa, Maria Cristina Messa, declarou que fez contato com o professor e com a instituição universitária, tendo ficado satisfeita, segundo ela, com a decisão pela realização do curso. “Dostoiévski é um patrimônio inestimável e a cultura continua sendo um terreno livre para troca e enriquecimento", disse Messa. 

À agência italiana Ansa, o professor esclareceu que precisa pensar se ainda vai ministrar o curso. "Não sei se quero ir a uma universidade que pensou que Dostoiévski fosse algo que gere tensão", afirmou. Nori disse ainda que o problema não são os encontros sobre Dostoiévski, mas sim a russofobia.

Isso porque outras situações semelhantes ocorreram. Em Gênova, o Teatro Govi cancelou um festival de música e literatura russa que homenagearia Dostoiévski pelos 200 anos de seu nascimento. A instituição cultural alega que a decisão se deve ao fato de o evento ter sido patrocinado pelo Consulado da Rússia na cidade.

"Sentimo-nos no dever de renunciar [ao evento] para marcar nossa posição. O Teatro Govi é um lugar de cultura, paz e esperança e que não quer se abrir a quem prefere as bombas às palavras", diz um comunicado oficial.

Wikicommons
Fiódor Dostoiévski, escritor russo do século XIX, é considerado um dos maiores romancistas da História

Já o prefeito de Florença, Dario Nardella, disse ter recebido pedidos para derrubar uma estátua de Dostoiévski na cidade, doada pela embaixada russa por ocasião do bicentenário do nascimento do escritor russo. Ele opinou, no entanto, ser necessário pensar em "como parar Putin" ao invés de "apagar séculos de cultura russa".

Quem foi Fiódor Dostoiévski

Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski, nascido em Moscou, 11 de novembro de 1821, é um dos maiores nomes da literatura russa, considerado também um dos maiores romancistas da História. Entre suas obras mais famosas estão Crime e Castigo, O Idiota e Os Irmãos Karamazov. 

Com formação acadêmica em engenharia, o russo, que viveu no século XIX, dedicou sua vida integralmente aos textos, tendo produzido romances, novelas, contos, bem como escritos jornalísticos. Os temas que aparecem com frequência em suas obras são o sofrimento, a culpa, o cristianismo, o niilismo, a pobreza, a violência, o assassinato, o isolamento, o suicídio e tantos outros. 

No ano de 1849 foi preso acusado de conspirar contra o czar Nicolau I, por participar de um grupo de discussão literária chamado de Círculo Petrashevski, composto, embora não integralmente, por revolucionários. Naquele contexto, outros países da Europa borbulhavam em ondas de protestos contra governos autocráticos, no que ficou conhecido como Primavera dos Povos. 

Ele passou oito meses detido na Fortaleza de São Pedro e São Paulo, em São Petersburgo, aguardando o desenrolar do processo. Meses após sua prisão, foi condenado à pena de morte por fuzilamento, mas teve a penalidade perdoada, sendo posteriormente condenado a alguns anos de trabalhos forçados na Sibéria. 

Conflito Rússia-Ucrânia

O conflito entre Rússia e Ucrânia registrou uma escalada de tensão quando uma ofensiva militar russa foi deflagrada no dia 24 de fevereiro. O presidente da Rússia Vladimir Putin justificou o ataque como uma medida para “desmilitarizar” e “desnazificar” o país vizinho. 

Ele havia reconhecido a independência das regiões de Donbass, na Ucrânia, alguns dias antes, em 21 de fevereiro. As cidades separatistas da região, Donetsk e Lugansk estavam fora da administração de Kiev desde 2014, depois que um referendo popular optou pela independência. Em resposta ao reconhecimento da independência de tais regiões, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou um pacote de sanções contra a Rússia. 

Putin, por sua vez, afirmando uma defesa contra provocações por parte de Kiev e contra a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) sobre países do leste europeu, anunciou a operação na Ucrânia. Durante seu discurso, o mandatário solicitou ao povo russo que atue junto à região separatista Donbass, cuja população pediu, segundo ele, “ajuda à Rússia".

Ele disse também que toda a responsabilidade pelo conflito recairá sobre o governo da Ucrânia, e instou os militares ucranianos a não cumprir as "ordens criminosas" das autoridades do país, entregar as armas e regressar para casa.

(*) Com Ansa. 

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Guerra na Ucrânia

Rússia diz que assumiu o controle total de Lugansk

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Ministério da Defesa da Rússia afirma que suas tropas tomaram a cidade estratégica de Lysychansk, assegurando o controle da região de Lugansk, no leste da Ucrânia

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-07-03T20:53:00.000Z

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A Rússia reivindicou neste domingo (03/07) o controle de toda a região de Lugansk, no leste da Ucrânia, após a conquista da cidade estratégica de Lysychansk, que foi palco de intensos combates.

Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, o titular da pasta, Serguei Shoigu, informou oficialmente "o comandante em chefe das Forças Armadas russas, Vladimir Putin, sobre a libertação da República Popular de Lugansk".

Mais tarde, o Estado-Maior da Ucrânia confirmou em um comunicado publicado no Facebook que as tropas ucranianas foram forçadas a se retirar de Lysychansk,

"Depois de intensos combates por Lysychansk, as Forças de Defesa da Ucrânia foram forçadas a se retirar de suas posições e linhas ocupadas", disse o comunicado.

"Continuamos a luta. Infelizmente, a vontade de aço e o patriotismo não são suficientes para o sucesso - são necessários recursos materiais e técnicos", disseram os militares.

Lysychansk era a última grande cidade sob controle ucraniano na região de Lugansk.

Na manhã deste domingo, o governador ucraniano da região de Lugansk, Serguei Gaidai, já havia sinalziado que as forças da Ucrânia estavam perdendo terreno em Lysychansk, uma cidade de 100.000 habitantes antes da guerra. "Os russos estão se entrincheirando em um distrito de Lysychansk, a cidade está em chamas", disse Gaidai no Telegram. "Eles estão atacando a cidade com táticas inexplicavelmente brutais", acrescentou.

A conquista de Lysychansk - se confirmada - pode permitir que as tropas russas avancem em direção a Sloviansk e Kramatorsk, mais a oeste, praticamente garantindo o controle da região, que já estava parcialmente nas mãos de separatistas pró-russos desde 2014.

Militärverwaltung der Region Luhansk/AP/dpa/picture alliance
Lysychansk está em ruínas após combates entre as forças russas e ucranianas

No sábado, um representante da "milícia popular de Lugansk" havia afirmado que os separatistas e as tropas russas haviam cercado completamente Lysychansk, algo que foi inicialmente negado pela Ucrânia

Explosões em cidade russa

Ainda neste domingo, a Rússia acusou Kiev de lançar mísseis na cidade de Belgorod, perto da fronteira entre os dois países.

"As defesas antiaéreas russas derrubaram três mísseis Totchka-U lançados por nacionalistas ucranianos contra Belgorod. Após a destruição dos mísseis ucranianos, os restos de um deles caíram sobre uma casa", informou o porta-voz do ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.

O governador da região, Viacheslav Gladkov, já havia anunciado anteriormente a morte de pelo menos três pessoas em explosões naquela cidade.

As acusações levantadas por Moscou foram divulgadas um dia depois de a Ucrânia denunciar o que chamou de "terror russo deliberado" em ataques na região da cidade ucraniana de Odessa.

Segundo autoridades militares e civis ucranianas, pelo menos 21 pessoas, incluindo um menino de 12 anos, foram mortas na sexta-feira por três mísseis russos que destruíram "um grande edifício" e "um complexo turístico" em Serhiivka, uma cidade na costa do Mar Negro, a cerca de 80 km de Odessa, no sul da Ucrânia.

"Isso é terror russo deliberado e não erros ou um ataque acidental com mísseis", denunciou o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, na noite de sexta-feira, enquanto as autoridades locais asseguraram que "não havia qualquer alvo militar" no local dos ataques.

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