Um bombardeio russo destruiu nesta segunda-feira (22/02) a torre de televisão de Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana, marcando mais um revés para a Ucrânia, cujo governo alerta que um novo “período difícil” é esperado no front a partir do próximo mês.
Após o ataque, a estrutura da torre de televisão de 240 metros desabou pela metade. A instalação já havia sofrido danos após outro ataque russo em março de 2022. “Os ocupantes atacaram uma infraestrutura de televisão em Kharkiv”, confirmou o governador regional, Oleg Synegubov. “Os funcionários se esconderam durante o alerta. Não houve vítimas”, afirmou, acrescentando que ocorreram “interrupções no sinal da televisão”.
Imagens divulgadas nas redes sociais e gravadas pouco depois do impacto mostram a parte superior do edifício desabando em meio a uma nuvem de fumaça cinzenta. A cidade de Kharkiv, onde viviam mais de 1,4 milhão de pessoas antes da guerra e que está localizada perto da fronteira russa, passou a ser atacada com mais frequência pelas forças russas nas últimas semanas. As infraestruturas energéticas da região também foram atingidas, causando apagões de energia em março.
“Situação difícil”
No front, onde as tropas russas vêm ganhando terreno desde a queda de Avdiivka, em fevereiro, Moscou reivindicou a tomada do vilarejo de Novomykhailivka, a cerca de 30 quilômetros de Donetsk. A cidade está localizada perto de Vugledar, uma localidade no cruzamento das frentes sul e leste que a Rússia tenta conquistar há dois anos. É a segunda localidade que os russos reivindicam ter tomado em apenas dois dias.
Várias cidades caíram nas mãos da Rússia nas últimas semanas, em um momento em que o Exército ucraniano enfrenta escassez de munições e de pessoal militar e a ajuda militar ocidental demora a chegar.
Após meses de espera, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou um pacote de 61 bilhões de dólares em ajuda a Kiev (cerca de R$ 320 bilhões). Mas o texto ainda precisa ser aprovado pelo Senado e promulgado pelo presidente Joe Biden.
O chefe da Inteligência Militar ucraniana, Kyrylo Budanov, considerou nesta segunda-feira que a situação no front pode piorar em meados de maio e junho. Será um “período difícil” para a Ucrânia, disse Budanov em uma entrevista ao serviço ucraniano da BBC.
“Pensamos que nos espera uma situação difícil em um futuro próximo. Mas temos que compreender que não será catastrófica”, avaliou. Quanto às razões deste agravamento da situação em Kiev, Budanov limitou-se a dizer que “os russos vão realizar uma operação complexa”. “Não vamos falar muito com vocês sobre isso, mas será um período difícil. Meados de maio, início de junho”, acrescentou.
As declarações desta segunda-feira do chefe do GUR surgem depois de o americano Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), que analisa diariamente o curso do conflito na Ucrânia, ter alertado que a Rússia poderá redobrar suas ações ofensivas e seus ataques aéreos nas próximas semanas, antes de Kiev começar a receber nova ajuda dos Estados Unidos.
Em fevereiro, Moscou conseguiu tomar Avdiivka. E hoje busca conquistar Chasiv Yar. A cidade fica 30 quilômetros a sudeste de Kramatorsk, a principal cidade da região de Donetsk que ainda permanece sob controle ucraniano e constitui um importante centro ferroviário e logístico.
O comandante-chefe das Forças Armadas ucranianas, Oleksandr Syrsky, já havia alertado em meados de abril que a situação tinha piorado “consideravelmente” na frente leste.