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Opinião

Irã entra na era da moderação e da reforma

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Eleição iraniana trouxe uma oportunidade inédita para novas relações do país com o Ocidente, mas quadro precisa ser analisado com cuidado

Sahar Namazikhah

2013-07-28T23:15:00.000Z

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Você espera um milagre do presidente eleito do Irã, Hassan Rohani? Não se engane. E, sobretudo, vá com calma.

Este foi o esclarecimento inicial entre os partidários de Rohani nas redes sociais, nos blogs, meios de comunicação em geral e nos fóruns de debate, tanto virtuais quanto reais, além das reuniões posteriores à eleição presidencial que lhe deu a vitória.

Os iranianos se emocionaram com o triunfo inesperado de Rohani nas imprevisíveis eleições de 14 de junho.

Também entenderam, sabiamente, que este é o momento de ter expectativas moderadas, enquanto o presidente eleito dá os primeiros passos para formar seu novo governo.

Acabar com a crise econômica nacional e melhorar as ríspidas relações internacionais são algumas das prioridades na agenda de Rohani.

A maioria dos que votaram nele reconhece que tem pela frente um caminho longo e difícil para corrigir um país com 42% de inflação, 12,3% de desemprego e liquidez de 143 bilhões de dólares, segundo os dados mais recentes procedentes de Teerã.

Embora o petróleo tenha permitido que o país faturasse 539 bilhões de dólares em 2012, a crise econômica do Irã piorou devido ao mau gerenciamento por parte do presidente que está deixando o cargo, Mahmud Ahmadinejad.

A situação interna em matéria política e social também é caótica, e se soma à crise de direitos humanos.

A libertação de presos políticos foi um ponto fundamental da plataforma eleitoral de Rouhani.

O presidente eleito prometeu dar mais espaço aos jornalistas para poderem trabalhar, e anunciou que prepararia uma “carta de direitos civis”, recuperaria a economia e restabeleceria as relações com o Ocidente e outros países mediante um “governo de sabedoria e moderação”.

Rohani ganhou a Presidência do Irã graças aos esforços concertados de uma jovem geração de ativistas comprometidos com a reforma.

Estes afirmavam que um enfoque moderado liderado por atores internos – que, por sua vez, se opuseram a toda intervenção estrangeira – poderia mudar efetivamente o Irã.

Os que fizeram campanha por Rohani dentro e fora do país se uniram em suas reclamações para libertar todos os jovens, estudantes, jornalistas, advogados de direitos humanos, figuras políticas e ativistas que estão presos desde as eleições de 2009, e que foram testemunhas da ascensão do Movimento Verde.

Seus partidários criaram uma campanha para pedir a libertação de Mehdi Karroubi e Mir Hossein Mousavi, as duas principais figuras dos verdes.

Mas esta cobrança, apresentada nos primeiros dias posteriores à sua vitória, foi prematura.

Rohani pode libertar prisioneiros sem que isso seja ordenado pelo líder supremo, aiatolá Ali Khamenei?

Pode cumprir as promessas feitas ao povo e governar sem uma “reconciliação” dos outros poderes do Estado, o Judiciário e o Legislativo?

Ambos estão sob controle dos conservadores, claros oponentes de Rohani. O Artigo 110 da Constituição iraniana indica que o poder e a autoridade do líder supremo superam os do presidente. A complexa estrutura da República Islâmica do Irã não permite que o presidente sozinho impulsione uma reforma interna e internacional.

Três semanas depois das eleições, Khamenei se reuniu com funcionários judiciais e ordenou que ajudassem Rohani.

Este mandato dará ao novo presidente um forte estímulo para cumprir suas promessas eleitorais.

A vitória de Rohani é descrita como uma aliança entre moderados e reformistas do Irã. Os reformistas se definem com aqueles líderes políticos que buscam uma mudança significativa no sistema político. Os moderados, por sua vez, são os que se centram mais em apoiar a fortaleza econômica do país.

Os líderes políticos, o ex-presidente moderado Akbar Hashemi Rafsanjani (1989-1997) e o ex-presidente reformista Mohamed Khatami (1997-2005) tiveram em conta a mensagem da população ao criarem uma coalizão para apoiar Rohani.

Até agora, a sabedoria desta aliança se mostrou efetiva, ao conseguir a vitória de Rohani. O presidente eleito está forjando um governo que inclua tanto reformistas (do gabinete de Khatami) quando moderados (da equipe de Rafsanjani).

A derrota de reformistas e moderados nas eleições de 2005 ensinou ambos a reverem seu enfoque e a refletirem sobre suas fraquezas nos últimos oito anos.
 


Rohani aprendeu com os reformistas que deve evitar o radicalismo, que pode alienar muitos eleitores. E também aprendeu que os moderados perderam sua popularidade, ao esquecer os cidadãos comuns e as famílias de classe média.

Se em seu governo mantiver o equilíbrio moderação-reforma, Rohani poderá tirar o Irã das crises interna e internacional nas quais está envolvido e, ao mesmo tempo, abordar as reclamações civis e de direitos humanos como uma importante segunda prioridade.

Washington tem que repensar seu enfoque nesta nova era iraniana. As sanções do Ocidente levaram a oposição e seus jovens a se alinharem atrás do Estado, independente de o apoiarem ou não. Washington tem que aceitar isto e revisar sua política em relação ao Irã.

Precisa ouvir a mensagem e o ponto de vista da oposição, cujo objetivo é reformar moderadamente o país e ao mesmo tempo defender e reconhecer seus interesses nacionais.

Em carta enviada ao presidente Barack Obama, um grupo de ex-funcionários do governo, diplomatas, militares e especialistas em segurança nacional se referiu à eleição de Rohani com uma grande oportunidade em potencial.

Também pediram urgência a Obama para participar de negociações com o Irã e fazer com que este país se comprometa além da questão nuclear.

Aumentar a pressão negativa e intensificar as sanções, em lugar de conseguir um acordo negociado em matéria nuclear, não beneficiaria nem os Estados Unidos nem o Irã.

O povo iraniano criou uma nova era de moderação-reforma para reconstruir seu país. E o mundo deve ouvir sua mensagem.

(*) Sahar Namazikhah é jornalista iraniana radicada em Washington. Foi editora de vários jornais em Teerã e atualmente é diretora de Programas sobre o Irã no Centro para a Diplomacia e a Resolução de Conflitos, da Universidade George Mason. Texto em português na IPS/Envolverde.
 

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Eleições 2021 no Equador

Arauz: ‘Este é um revés eleitoral, mas, de maneira alguma, uma derrota política ou moral’

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Candidato progressista pediu união e disse que os quase 4 milhões de votos que recebeu são um “mandato” para defender políticas que promovam justiça social

Redação Opera Mundi

São Paulo (Brasil)
2021-04-12T02:48:00.000Z

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O candidato progressista à Presidência do Equador, Andrés Arauz, reconheceu na noite deste domingo (11/04) a derrota no segundo turno das eleições no país para o direitista Guillermo Lasso. Para ele, no entanto, o resultado – uma diferença de cinco pontos percentuais – não é uma “derrota política ou moral”.

“Este é um revés eleitoral, mas de maneira alguma, é uma derrota política ou moral. Porque nosso projeto é de vida, é uma luta pela construção de um futuro mais justo e solidário para todos os equatorianos”, disse. “Hoje, não é um final, é o começo de uma nova etapa de reconstrução do poder popular.”

Ele pediu união dos equatorianos. “A partir de hoje, temos que voltar a ser só um Equador. Que viva o Equador. Nas campanhas, discutimos e propusemos com convicção, e buscamos nos diferenciar. Claro que lutamos por valores distintos, mas, hoje, chegou o momento de avançar. Temos que ter pontes e construir consensos”, afirmou.

Arauz disse que os quase 4 milhões de votos que recebeu são um “mandato”. “São um mandato, um compromisso de defender políticas que acompanham e promovam justiça social, a dignidade e a saúde pública e, em definitivo, o futuro dos equatorianos”, disse.

Reprodução
Arauz agracedeu o apoio dos equatorianos e pediu união ao país

O candidato, que era apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa, lembrou que sua coalizão política, a União pela Esperança (Unes), é a mais forte do país. “Estaremos atentos ante qualquer tentativa de usar o estado para benefício de poucos privilegiados. Estaremos, como sempre fizemos, defendendo as grandes maiorias, o povo digno, o povo equatoriano.”

Arauz disse que ligaria para o presidente eleito, a fim de cumprimentá-lo pelo sucesso eleitoral, e falou que é um “ator responsável e democrático” no Equador.

“Após estas declarações, realizarei uma chamada telefônica ao senhor Guillermo Lasso, o felicitarei pelo triunfo eleitoral obtido no dia de hoje e o mostrarei nossas convicções democráticas, de poder seguir aportando ao desenvolvimento do país quando se trata de beneficiar a maioria do nosso povo e de nos opor, construtiva e responsavelmente, quando se busque simplesmente atender a privilégios. Nós somos um ator responsável e democrático no Equador”, afirmou.

Assista, na íntegra, ao discurso de Arauz:

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