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Opinião

Violência contra crianças e a desigualdade de poder no Brasil

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18 de maio é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual Infantil; 79% das vítimas são do gênero feminino

Miriam da Silva
Ronaldo Quadrado

São Paulo (Brasil)
2022-05-18T18:23:00.000Z

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Em 18 de maio de 1973, uma menina de oito anos, chamada Araceli, foi violentada de várias formas, inclusive sexualmente, por dois homens de classe média. A situação chocou o país pela barbárie do ocorrido e, mesmo com toda repercussão, o crime até o momento permanece impune. Os principais suspeitos, pertencentes a famílias influentes do Espírito Santo, foram condenados pelo crime em 1980 e absolvidos depois de extenso reexame, em 1991. 

Diversas Aracelis sofreram e sofrem com essa violência. Segundo dados do Disque 100, comunicações de violência sexual são maioria contra crianças e adolescentes e a maior parte dos casos praticados no âmbito familiar. 

O levantamento revela que 79% das vítimas são do gênero feminino e 79,05% dos suspeitos são do gênero masculino.

Pode-se afirmar, portanto, que o fenômeno da violência contra crianças e adolescentes surge a partir de uma relação desigual de poder e, com esses dados, é possível ponderar que a violência sexual é consequência também da sociedade machista que objetifica os corpos femininos, uma cultura nefasta extremamente enraizada. 

Infelizmente a violência sexual é um assunto ainda tratado como tabu, que está instaurada em tudo que é lugar, mas ao mesmo tempo é muito silenciada.

Importante trazer as definições de violência sexual, que é qualquer ato de natureza libidinosa ou sexual, praticado contra crianças e adolescentes. O(a) abusador(a) que pratica a agressão não deve ser considerado um louco ou psicopata, trata-se da influência da cultura dominante onde os corpos das pessoas violentadas são tratados como objeto.

Já exploração sexual é quando crianças e adolescentes são utilizados como objetos sexuais ou como mercadorias, como, por exemplo, no contexto de prostituição e/ou de pornografia, com vistas ao lucro através de fotos e vídeos expostos na internet.

Pixabay
Segundo dados do Disque 100, 79% das vítimas são do gênero feminino

Outro dado que chama atenção é a gravidez precoce. De acordo com os dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos, em 2020, nasceram 380,7 mil crianças de jovens com idade até 19 anos, dentre estes, 17,5 mil de meninas de 10 a 14 anos, sendo assim, crianças que são frutos de violência sexual, pois praticados contra infantes.

Em relação às vítimas do sexo masculino, a porcentagem é menor, mas não é por isso que devemos desconsiderá-lo. Ao contrário. Você já parou para pensar que a subnotificação da violência sexual contra meninos também pode estar ligada a cultura machista?

É devido à cultura machista e patriarcal que meninos têm mais dificuldade em procurar apoio, pois temem serem constrangidos por duvidarem da sua orientação sexual e por estarem à mercê de ataques homofóbicos. Faz parte também a erotização precoce de meninos ensinados ao estimulo da “masculinidade”, como, por exemplo, adultos mostrarem vídeos pornográficos, insinuarem gestos para que sejam reproduzidos, e outras tantas práticas que, dependendo da idade, podem ser caracterizadas como violência sexual. 

Ademais, a desinformação da sociedade garante que esta violação de direitos não seja comunicada aos órgãos de proteção.

O machismo que autoriza a apropriação do corpo da mulher é, sem dúvidas, produto do modo de produção dominante, onde o corpo feminino é vista como propriedade da qual o homem desfruta de forma indiscriminada e ao seu critério. 

Em Êxodo 20:17, o texto bíblico recomenda: “Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seus servos ou servas, nem seu boi ou jumento, nem coisa alguma que lhe pertença". Só por esta frase já se tem uma noção histórica ao que todas as mulheres são submetidas no decorrer dos séculos, sobretudo as crianças e jovens que estão em condições menos favoráveis para se defenderem. Mas onde houver injustiças, haverá resistência!

(*) Miriam da Silva e Ronaldo Quadrado são conselheiros tutelares de Pelotas (RS).

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Meio Ambiente

Desmatamento na Amazônia Legal é o maior em 15 anos, aponta Imazon

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De agosto de 2021 a julho de 2022 foi destruída uma área equivalente a sete vezes a cidade de São Paulo

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-08-17T22:12:00.000Z

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Nos últimos 12 meses, a Amazônia Legal teve o maior índice de desmatamento em 15 anos. De agosto de 2021 a julho de 2022, foram derrubados 10.781 quilômetros quadrados de floresta, o equivalente a sete vezes a cidade de São Paulo e 3% a mais do que nos 12 meses diretamente anteriores. Os dados, divulgados nesta quarta-feira (17/08), são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

É a segunda vez consecutiva em que o desmatamento na região ultrapassa os 10 mil quilômetros quadrados no período. Somadas, as áreas destruídas nos últimos dois calendários (ou seja, de agosto a julho) chegaram a 21.257 quilômetros quadrados, quase o tamanho do estado do Sergipe.

Ao analisar apenas o desmatamento em 2022, o índice de destruição é ainda maior. No período de janeiro a julho, a área de floresta perdida cresceu 7% em relação a 2021, passando de 6.109 quilômetros quadrados para 6.528 quilômetros quadrados. Isso significa que, somente em 2022, a região já teve destruída uma área de aproximadamente cinco vezes a cidade do Rio de Janeiro. E esse também foi o maior desmatamento para o período dos últimos 15 anos.

"O aumento do desmatamento ameaça diretamente a vida dos povos e comunidades tradicionais e a manutenção da biodiversidade na Amazônia. Além de contribuir para a maior emissão de carbono em um período de crise climática. Relatórios da ONU já alertaram que, se não reduzirmos as emissões, fenômenos extremos como ondas de calor, secas e tempestades ficarão ainda mais frequentes e intensos. Isso causará graves perdas tanto no campo, gerando prejuízos para o agronegócio, quanto para as cidades", alerta Bianca Santos, pesquisadora do Imazon.

Pará no topo do ranking de desmatamento

Levando em conta o desmatamento ocorrido nos últimos 12 meses, 36% ocorreu apenas na região conhecida como Amacro, onde se concentram 32 municípios na divisa entre Amazonas, Acre e Rondônia. Nessa área, há um processo de expansão do agronegócio, que derrubou quase 4 mil quilômetros de florestas entre agosto de 2021 e julho de 2022. A destruição na Amacro também atingiu o maior patamar dos últimos 15 anos para o período, com alta de 29%.

O Pará é o estado que mais desmata na Amazônia Legal. Nos últimos 12 meses, foram derrubados 3.858 quilômetros quadrados de floresta -  36% do destruído na Amazônia. A segunda maior área desmatada no período foi registrada no Amazonas: 2.738 km² (25%).

O que é a Amazônia Legal

A Amazônia Legal é um conceito criado ainda na década de 1950 para promover uma agenda de desenvolvimento para a região. Sua delimitação não é baseada exclusivamente na vegetação, mas inclui conceitos geopolíticos. Por isso que, além da Floresta Amazônica, há uma parte de Cerrado e do Pantanal em seu mapa.2:42

Segundo dados atualizados do IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a região tem uma área de 5,2 milhões de km², o que corresponde a 59% do território brasileiro. Ela engloba os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima,Tocantins e parte do Maranhão, onde vivem atualmente cerca de 28 milhões de habitantes.

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