O gigante francês da distribuição Casino quer que jurisdições competentes reconheçam a ilegalidade das negociações entre sua concorrente, a Carrefour, e a CBD (Companhia Brasileira de Distribuição), do empresário Abílio Diniz, que controla o Grupo Pão de Açúcar. A disputa pelo controle do mercado brasileiro deve mobilizar não só a imprensa, mas também a justiça dos dois países.
Uma fusão entre Carrefour e CBD pretende criar uma empresa franco-brasileira controlada em partes iguais, com faturamento anual na ordem de 68 bilhões de reais. O projeto já foi aprovado esta semana pelo conselho diretor do Carrefour, mas precisa do acordo do CBD, do BNDES e, segundo o Casino, de sua concordância, uma vez que este possui 43,1% das ações da empresa de Diniz.
Leia mais:
Conselho do Carrefour aprova fusão com Pão de Açúcar
Brasileira TAM anuncia fusão com a chilena LAN
Análise: Compra da TAM pela LAN Chile ameaça soberania aérea e integração
'Quem manda na TAM é família Amaro', diz dono da LAN ao comentar fusão
Um segundo processo de arbitragem na CCI (Câmara de Comércio Internacional), com sede em Paris, foi lançado na segunda-feira (04/07). O dossiê é sigiloso. De acordo com Marina Mendes Costa, advogada na França e no Brasil, especializada em arbitragem, um procedimento arbitral leva, em média, 3 anos para que uma decisão definitiva seja obtida.
“A CCI administra a arbitragem, mas não é ela quem decide o caso. É um painel de árbitros nomeados pelas partes que vai proferir a decisão final. Ele avaliará se existe uma violação contratual suscetível de ser resolvida por arbitragem, se há direito à indenização e quem deverá pagá-la”.
No dia 24 de junho, o Tribunal de Comércio de Nanterre, na França, se pronunciou sobre 22 correspondências trocadas entre Diniz e o Carrefour, afirmando que a empresa tinha conhecimento de que estaria sendo cúmplice de eventuais violações contratuais caso entrasse em negociação com a empresa brasileira associada desde 2005 ao seu concorrente.
A Casino quer que seus direitos sejam respeitados na França e no Brasil. O presidente do grupo, Jean-Charles Naouri, fez essa semana uma visita relâmpago ao Rio de Janeiro, onde se encontrou com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. O banco brasileiro só deve apoiar o financiamento da operação com 3,7 bilhões de reais se não houver litígio entre as partes.
A negociação em curso, que veio à tona na segunda quinzena de maio deste ano, é tida como ilegal e procura se apropriar do controle da empresa brasileira, de acordo com Naouri, que deve assumir as rédeas da CBD em 2012. Já o Carrefour alega que não há interdição para as trocas que vem tendo com Diniz.
Na França
A impressa francesa destaca que o Brasil é o terreno de batalha dos dois grandes grupos franceses da distribuição, que passaram de concorrentes a inimigos declarados. O jornal francês de direita, Le Figaro, publicou nesta terça-feira (05/07) uma entrevista com Abílio Diniz, em que ele aparece como o pivô da disputa.
O diário econômico Les Echos dedicou ao caso um dossiê especial, onde elucida passo a passo todas as etapas do que chamaram de “duelo no Brasil”. Os dois grupos querem concentrar os esforços nos países emergentes, dada a importância de se posicionarem solidamente no promissor mercado brasileiro, terceiro maior do mundo para a distribuição alimentar.
Siga o Opera Mundi no Twitter
Conheça nossa página no Facebook
NULL
NULL
NULL