A manifestação popular contra o assédio sexual e as violações provocadas pelo jeito de se vestir das mulheres, conhecida como “Slutwalk” – no Brasil, “Marcha das Vadias” – não conseguiu atrair tantos participantes em Jerusalém como ocorreu em outros países.
Aproveitando o dia quente em Jerusalém na última sexta-feira (04/05), várias dezenas de mulheres se reuniram na praça de Paris, próximo ao centro da cidade. E, embora o convite através do Facebook convocasse as participantes a usar a menor roupa possível, dado o bom tempo, a maioria das manifestantes estavam vestidas com roupas normais.
“Escolhi este dia porque sabia que faria um tempo muito bom, com sol, depois do frio que se fez nestes últimos dias, e assim todas poderíamos vir com pouca roupa, mas vejo que a maioria tem preferido vir com coisas mais modestas”, disse ao Opera Mundi a organizadora da primeira Marcha das Vadias em Jerusalém, Or Levy, vestindo um exuberante decote e uma saia.
Aos gritos de “Não significa não!”, “As vadias exigem justiça social” e “Que parte do não você não entende?”, as mulheres enfrentaram a polícia quando estes pediram a alguns dos participantes que se cobrissem para respeitar “o status especial de Jerusalém”
A Marcha das Vadias teve origem no Canadá há alguns anos e desde então ganhou popularidade com mais países somando-se a cada ano a esta marcha de reivindicação.
“Nós decidimos que estamos cansadas dessa perseguição diária. Se você andar pela rua com roupas mais leves do que o habitual, qualquer homem acha que pode se aproximar de você e te levar para casa só porque você tem um decote. Vivo nesta cidade desde sempre e não há um dia em que simplesmente não me dizem nada. É hora de mudar as coisas aqui “, disse Levy, irritada.
Embora ela não acredite que o maior problema de se usar uma minissaia em Jerusalém seja a comunidade judaica ultra-ortodoxa, o fato é que esse grupo religioso conseguiu que muitas publicidades nas quais aparecem mulheres fossem removidas da cidade.
“Para mim, o principal problema não são os haredim, os ultra-ortodoxos, porque não são os únicos exigindo que não nos vistamos como queremos. (O protesto) é para os homens comuns que pensam que podem nos tratar como lixo apenas por conta da forma como nos vestimos”, disse outra manifestante, que usava apenas um adesivo cobrindo os seios, em entrevista à rede norte-americana ABC.
“Vê esta etiqueta?”, perguntou a jovem ao repórter, “Pois colocamos, ‘Como estou vestida? Ligue para 1800 – Cuide de sua própria’, porque isso é só o que queremos dizer aos homens. Metam-se nos seus assuntos!”
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