Candidatos de origem migrante que disputam as eleições para o Parlamento alemão estão recebendo cartas do partido de extrema-direita NPD (Partido Nacional Democrata Alemão) com ameaças e uma “passagem de volta” para o lugar de “onde vieram”. A carta foi divulgada na página do Facebook do presidente regional do partido em Berlim, Sebastian Schmidtke.
Leia também
Rival de Merkel aparece em revista apontando dedo do meio e causa polêmica na Alemanha
Segundo o jornal Der Tagesspiegel, diversos políticos do Partido Verde já receberam a correspondência. Nela, o NPD afirma que chega a ser “crime” a influência deles na política alemã.
“Seu caso de imigração entre os alemães (…) poderia ser considerado crítico. Sua influência política no grupo étnico dos alemães poderia ser talvez considerada um crime, pois é proibido manipular os estados físicos e mentais de um grupo étnico”, diz o texto.
Leia também
Grupo de ultradireita usa gás lacrimogêneo para boicotar evento catalão em Madri
A carta é acompanhada de uma “passagem de volta” da Alemanha para “casa”, com embarque “imediato” e “sem escalas”. A empresa aérea do ticket falso se chama “Rückflug Airlines” (Linhas Aéreas Voo de Volta).
Reprodução/Facebook
Imagem da carta enviada a políticos; bilhete aéreo falso é da “Linhas Aéreas Voo de Volta”
NULL
NULL
“Migrar também é emigrar”, continua a carta. “Vemos aí uma solução prática. (…) Nós preferimos que o senhor se mude emigrando.“ O final do texto ainda abusa da ironia. “Com sua emigração, o senhor passaria de migrante para filantropo. (…) Desejamos tudo de bom para o resto da sua vida e, em todo caso, um ótimo voo para casa!”
Leia também
Começa na Alemanha julgamento de ex-membro da polícia nazista de 92 anos
Segundo o Tagesspiegel, o diretor do Partido Verde na cidade, Daniel Wesener, denunciou o fato à polícia e ao Ministro do Interior de Berlim e pediu providências.
O NPD já foi investigado várias vezes por conta de suas posições que flertam com o nazismo (corrente com a qual o partido nega qualquer relação). No mês passado, a agremiação provocou polêmica ao apoiar abertamente o fechamento de uma colônia de refugiados em um bairro da periferia de Berlim. A polícia precisou ser chamada para evitar uma invasão ao prédio.