* Atualizada às 13h13
Um novo protesto contra o governo realizado neste sábado (15/02) pela libertação de colegas presos nas manifestações da última semana terminou em confronto entre estudantes opositores e forças policiais, que lançaram mão de bombas de gás e jatos d'água. Segundo Ramón Muchacho, prefeito do município venezuelano de Chacao, localizado no distrito metropolitano de Caracas, 23 pessoas ficaram feridas, sete delas por balas de borracha.
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Agência Efe
Prefeito opositor da cidade de Chacao, Ramón Muchacho, denunciou a “violência e o vandalismo” em sua conta no Twitter
O protesto se iniciou pacificamente no bairro de Las Mercedes, mas horas depois terminou com atos de depredação. No início da noite, o prefeito escrevia em seu perfil no Twitter que havia danos materiais em vidros e fachadas da Direção Executiva da Magistratura, do Banco da Venezuela e do Banco Provincial, de onde manifestantes levaram cadeiras e outros objetos.
“Haverá algum limite para a violência e o vandalismo? Tem justificativa para o que está acontecendo? Alguém assume a responsabilidade?”, questionou Muchacho, em meio a diversas postagens na rede social durante a noite. O prefeito opositor ao governo de Nicolás Maduro questionou a falta de liderança nas ações, que catalogou como “anarquia” e recomendou aos moradores fecharem janelas pelos gases lançados pelos policiais.
Também por meio do Twitter, o presidente da Federação de Centros Universitários da Universidade Central da Venezuela, Juan Requesens, rechaçou “infiltrados” que destroçam o patrimônio e afirmou que o movimento estudantil não é violento. “Denuncio publicamente que infiltrados querem causar destroços em Chacao para culpar os estudantes”, escreveu.
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Agência Efe
Para conter os manifestantes, polícia venezuelana lançou mão de balas de borracha, bombas de gás e jatos d'água
“O movimento estudantil faz um chamado à prudência e a não cair no jogo dos que se infiltram para fazer o caos. Não queremos mais mortes”. Requesens se referia ao saldo de três mortos registrado na última quarta-feira, quando também ficaram feridas mais de 60 pessoas. Após o ocorrido, a promotora geral da República prometeu que os responsáveis pela violência enfrentarão a Justiça.
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Em meio à confusão da noite de protesto, o dirigente opositor Leopoldo López escreveu em seu Twitter que anunciará “ações”. “Venezuelanos: em horas anuncio ações. Na rua, com vocês, na Venezuela. Peço que não acreditem em rumores da ditadura. Jamais me irei”, expressou ele, que segundo o chefe de Estado do país é um dos autores intelectuais da violência da última semana e está sendo procurado pela Justiça.
López é um dos líderes de uma campanha iniciada há algumas semanas, ao lado da deputada opositora María Corina Machado, que propõe “A Saída” do governo de Maduro. Segundo a imprensa local, a residência dos pais do dirigente foi revistada por corpos de segurança do Estado, na noite de ontem, em busca de López. O partido reiterou a convocatória para um novo protesto para este domingo “para continuar impulsionando a saída”.
Maduro denuncia estar enfrentando um “golpe de Estado em desenvolvimento” financiado pelo ex-presidente colombiano Álvaro Uribe. Segundo ele, jovens estão sendo utilizados como “carne de canhão” por grupos violentos que têm como objetivo tirá-lo do poder. Neste sábado, uma jornalista da emissora Globovisión denunciou ter sido agredida por alguns manifestantes durante a cobertura dos atos da última noite, sob a acusação de que o canal não transmitia as manifestações.