O presidente da Bolívia, Luis Arce, realizou neste domingo (08/11) seu primeiro discurso como mandatário da Bolívia e disse que seu governo será para todos os bolivianos para reconstruir o país.
“Este 8 de novembro de 2020, iniciamos uma nova etapa da nossa história. Queremos fazer um governo que seja para todos, sem discriminação, nosso governo buscará reconstruir nossa pátria para viver em paz”, disse.
Arce condenou diversos atos do governo autoproclamado de Jeanine Áñez, que assumiu o poder após o golpe de Estado que forçou a renúncia de Evo Morales.
“O governo de facto semeou morte, medo, discriminação, racismo e usou a pandemia para prorrogar um governo ilegal e ilegítimo. A perseguição iniciada pelo regime contra os movimentos sociais e o MAS, contra os humildes, se traduziu em mortes e prisões”, afirmou.
O novo presidente boliviano ainda afirmou que as forças golpistas queriam uma “democracia excludente, que não contasse com as maiorias” e que recorreram “à desestabilização, à violência e a golpes de Estado” quando a democracia não lhes serviu.
“A democracia é um valor fundamental dos povos, expressa a vontade da população e é um eixo ordenador da nossa sociedade. A democracia não é só os votos para eleger políticos, mas também eleições abertas e a participação de todas e todos, sem exclusão de ninguém, é a proteção dos direitos civis e políticos, é pluralismo político”, disse.
Arce ainda fez promessas para o setor econômico, dizendo que retomaria o crescimento e a distribuição de renda impulsionados durante o governo do ex-presidente Evo Morales.
“O governo de facto deixa uma economia com cifras que não vimos nem nas piores crises econômicas da Bolívia. Aumento do desemprego, da pobreza e da desigualdade. Temos o desafio de reconstruir nossa economia, gerar certezas e reduzir as desigualdades sociais. Por isso, daremos a continuidade à construção de uma economia que fortaleça todo o potencial que temos”.
ABI
Luis Arce e David Choquehuanca foram empossados neste domingo, quase um anos depois do golpe de Estado que derrubou Evo Morales
O mandatário também se dirigiu à comunidade internacional e pediu o respeito a autodeterminação dos povos, prometeu o fortalecimento das relações Sul-Sul e fez um apelo para que as nações trabalhem por um mundo multipolar.
“Nossa vontade é trabalhar por um mundo multipolar, em que não exista nenhuma superpotência, que não haja guerra, exploração de recursos naturais e racismo”.
Arce ainda disse que assumirá os princípios da “não intervenção, da plena igualdade jurídica e política entre nações, sem nenhuma forma de subordinação”. “Reivindicamos a comunhão Sul-Sul e que não sem imponham os desígnios do Norte”, afirmou.
Buscamos irmandade, não enfrentamento
O vice-presidente da Bolívia, David Choquehuanca, que também foi empossado neste domingo, afirmou que o governo novo governo inaugura uma nova etapa de paz e que busca irmandade entre todos os bolivianos.
“Estamos convencidos que para mudar as instituições, temos que mudar nossa mentalidade como indivíduos. Nossa revolução é uma revolução de ideias. Buscamos irmandade, não buscamos enfrentamento, não somos uma cultura de guerra e dominação, nossa luta é contra o pensamento colonial”, disse.
O novo vice ainda pediu a superação do ódio e do racismo, afirmando que o poder político deve fluir “assim como o sangue flui dentro do organismo”.
“Os bolivianos devemos superar a divisão, o ódio, o racismo e a discriminação entre compatriotas. Basta de perseguição à liberdade de expressão, basta de judicialização da política, basta de abuso de poder, o poder tem que ser para ajudar, o poder deve circular, o poder, assim como a economia, tem que ser distribuído”.
Arce e Choquehuanca foram empossados neste domingo em cerimônia realizada na Assembleia Legislativa Plurinacional, na capital La Paz. A vitória de Arce marca o retorno do MAS ao governo após o golpe de Estado de novembro de 2019 que derrubou o ex-presidente Evo Morales.
Uma marcha com todas as organizações sociais que compõem ou apoiam o MAS está prevista para acontecer por volta das 16h (horário de Brasília).