A vice-presidente e chanceler da Colômbia, Marta Lucía Ramírez, disse nesta segunda-feira (24/05) que o país rejeitou as visitas das comissões da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que iriam avaliar a situação colombiana após semanas de protestos contra Iván Duque.
Segundo Ramírez, todas as visitas “são bem-vindas” no país. No entanto, a colombiana afirmou que, no momento, o governo “considera” ser necessário que as próprias autoridades da Colômbia “terminem suas investigações”.
“Temos os pedidos da CIDH e do próprio secretário [Luis] Almagro. Todas as visitas são bem-vindas, mas neste momento consideramos que seja necessário esperar que as próprias autoridades de controle terminem de realizar suas tarefas e investigações dos casos”, disse.
Ainda de acordo com a vice, as visitas de comissões internacionais serão liberadas nas próximas semanas. Ramírez disse que tais visitas devem ser realizadas quando órgãos internos do país não cumprem com sua obrigação, o que, para ela, não é o caso da Colômbia. “Ministério Público, Procuradoria-Geral da República e Defensoria, todos constituíram uma equipe de trabalho para garantir que não haja um único caso de violação de direitos”, afirmou Ramírez.
A CIDH fez uma solicitação ao governo colombiano em 14 de maio a fim de realizar “uma visita de trabalho para verificar a situação dos direitos humanos após episódios sucedidos de violência nas manifestações iniciadas em 28 de abril”.
Daniel Cima/Flickr
CIDH fez uma solicitação a fim de ‘verificar a situação dos direitos humanos após episódios de violência nas manifestações’
Pelo Twitter, a organização Temblores, voltada para a defesa dos direitos humanos da Colômbia, manifestou “preocupação” com a negativa do governo para os pedidos das comissões. “Expressamos nossa preocupação com a recusa do governo diante da visita do CIDH à Colômbia. O precedente que abre é muito sério porque limita a possibilidade de verificação dos direitos humanos em um contexto em que os órgãos de controle não estão funcionando”, disse.
Manifestamos nuestra preocupación por la negativa del gobierno ante la solicitud de la visita de la @CIDH a Colombia. El precedente que sienta es gravísimo porque limita la posibilidad de verificación de DDHH en un contexto en el que los organismos de control no están funcionando
— Temblores ONG ? (@TembloresOng) May 24, 2021
Ramírez desembarcou nesta segunda em Washington, nos Estados Unidos, para, segundo o jornal El Espectador, se encontrar com organizações e políticos norte-americanos e dar a versão do governo Duque sobre as semanas de protestos sociais na Colômbia.
Mais cedo, a colombiana esteve em uma reunião com o secretário-geral da OEA, Almagro, para “discutir a situação atual” do país. “Concordamos na condenação da violência, bem como na necessidade de reafirmar os direitos humanos do povo colombiano”, disse o secretário pelo Twitter.
A vice-presidente Ramírez foi nomeada na última semana como a novo ministra das Relações Exteriores, substituindo Claudia Blum, que renunciou no dia 11 de maio, em meio às mobilizações sociais e uma repressão policial contra os protestos.