O Ministério das Relações Exteriores do Brasil publicou uma nota nesta terça-feira (22/02) sobre a crise entre Ucrânia e Rússia após o reconhecimento feito pelo presidente Vladimir Putin das repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, cidades no território ucraniano.
De acordo com o Itamaraty, o Brasil busca uma “solução negociada” para a situação, afirmando ser necessário que seja levando em “consideração os legítimos interesses de segurança da Rússia e da Ucrânia”, junto ao respeito aos “princípios da Carta das Nações Unidas”.
“[O Brasil] apela a todas as partes envolvidas para que evitem uma escalada de violência e que estabeleçam, no mais breve prazo, canais de diálogo capazes de encaminhar de forma pacífica a situação no terreno”, afirma ainda o Itamaraty.
O restante do comunicado cita a fala do embaixador brasileiro nas Nações Unidas, Ronaldo Costa Filho, durante a reunião de emergência do Conselho de Segurança realizada na madrugada desta terça. Atualmente, o Brasil tem um assento temporário no órgão.
“Nas atuais circunstâncias, nós, neste Conselho, em representação da comunidade internacional, devemos reiterar os apelos à imediata desescalada e nosso firme compromisso de apoiar os esforços políticos e diplomáticos para criar as condições para uma solução pacífica para esta crise”, pontuou, disse Costa Filho.
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Costa Filho também defendeu a necessidade de que as partes envolvidas respeitem compromissos como os Acordos de Minsk
O representante também defendeu a necessidade de que as partes envolvidas respeitem “os compromissos existentes, como os Acordos de Minsk”, que foram firmados por russos e ucranianos em 2015.
China pede diálogo para resolução do conflito
A reunião de emergência do Conselho de Segurança da Nações Unidas também contou com a presença do embaixador da China na ONU, Zhang Jun.
O representante pediu que o conflito seja resolvido de forma diplomática e que as diferenças resolvidas com base no respeito mútuo.
O país oriental também esteve em contato com os Estados Unidos. O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, em um telefonema com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, insistiu em respeitar as legítimas preocupações de segurança de qualquer país, bem como defender os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas.
Enquanto Blinken salientou a necessidade de preservar a soberania da Ucrânia, Yi afirmou que “a China apela mais uma vez a todas as partes para que atuem com moderação, reconheçam a importância de aplicar o princípio da segurança indivisível, amenizem a situação e resolvam as diferenças através do diálogo e da negociação”.
Reconhecimento da independência de Lugansk e Donetsk
O presidente russo Vladimir Putin reconheceu na segunda-feira (21/02) a independência das regiões separatistas de Donbass. As regiões, pertencentes até então, ao território ucraniano estavam fora da administração de Kiev desde 2014.
A decisão de Putin estremeceu ainda mais as relações entre Rússia e Ucrânia. Desde o reconhecimento, tropas do exército russo foram enviadas ao leste ucraniano.
Países do ocidente também se posicionaram. No mesmo dia do anúncio, o presidente norte-americano Joe Biden anunciou sanções contra as regiões de Lugansk e Donetsk.
Já o chanceler alemão Olaf Scholz suspendeu a certificação do acordo para a implementação do gasoduto russo Nord Stream 2, que passaria pelo território alemão até Berlim e dobraria o fornecimento de gás para a Europa.
(*) Com Ansa e Telesur.