O Conselho da Federação da Rússia, equivalente ao Senado, aprovou o uso das Forças Armadas russas fora do país nesta terça-feira (22/02), a partir de um pedido do presidente Vladimir Putin no dia anterior.
“Ao concordar com o uso das Forças Armadas, partimos da premissa de que serão enviadas para preservar a paz e a estabilidade nas repúblicas de Donetsk e Lugansk”, comentou Valentina Matvienko, presidente do Conselho.
Os 153 senadores russos presentes na ocasião votaram unanimemente a favor de dar ao mandatário a permissão para usar as Forças Armadas da Rússia no exterior. Ainda não se sabe a quantidade de unidades militares que podem ser utilizadas, nem mesmo as áreas de operação ou os prazos de permanência das tropas fora do território russo, algo a ser definido pelo presidente.
Por sua vez, Konstantin Kosachev, vice-presidente do Conselho, acrescentou que a decisão “permite ao presidente da Federação Russa tomar todas as medidas necessárias para alcançar a paz na zona do conflito” na Ucrânia, após o reconhecimento de Putin sobre as regiões separatistas no Donbass.
Nikolai Pankov, vice-ministro da Defesa da Rússia, afirmou durante a sessão do conselho que já há cerca de 100 mil refugiados de Donbass no país, incluindo quase 30 mil crianças, e afirmou que a situação na região tem “tendência para o agravamento”.
Segundo ele, “Kiev já está realizando ações militares descaradamente e com impunidade”. Nos últimos dias, líderes das regiões separatistas afirmaram que estavam sendo atacados com bombardeios de artilharia por parte das Forças Armadas da Ucrânia.
No sábado (19/02), as duas regiões solicitaram a Putin que reconhecesse a independência de Donbass perante a Ucrânia, o que o presidente fez nesta segunda-feira (21/02), após uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança russo.
NARA & DVDIS Public Domain Archive
Decisão tem como objetivo ‘alcançar a paz na zona do conflito’ já que, segundo presidente russo, Acordos de Minsk não existem mais
Acordos de Minsk não existem mais
Ainda nesta terça, o mandatário da Rússia declarou que os Acordos de Minsk, assinados entre a Rússia e a Ucrânia em 2014 e 2015, estabelecendo o cessar-fogo e planos de reintegração de regiões separatistas no leste ucraniano, não existem mais.
De acordo com o líder russo, os tratados “foram mortos” pelas autoridades ucranianas antes mesmo do reconhecimento da independência de Donetsk e Lugansk.
“Nossos colegas da Europa dizem a mesma coisa: ‘Sim, sim, temos que seguir esse caminho [de cumprimento dos Acordos de Minsk]. Mas na realidade eles não conseguiram obrigar seus parceiros, as autoridades de Kiev, a fazerem isso, por isso tivemos que tomar essa decisão”, alegou Putin.
Ainda de acordo com o presidente, para normalizar as relações com a Rússia, a Ucrânia precisa reconhecer a vontade das pessoas que moram na Crimeia, já que ninguém teria sido obrigado a votar no referendo pela anexação da península ao território russo.
Ele voltou a destacar que a melhor decisão para a crise ucraniana seria a recusa das autoridades de Kiev de aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Preocupação da China
Em conversa com o secretário de Estado norte-americano Anthony Blinken nesta terça, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, disse que seu país está “preocupado” com a evolução da situação na Ucrânia.
“A China mais uma vez pede a todas as partes que exerçam moderação, reconheçam a importância de aplicar o princípio da segurança indivisível, acalmem a situação e resolvam as diferenças por meio do diálogo e da negociação”, disse Wang, destacando que a crise no leste europeu está relacionado ao atraso da implementação efetiva de um tratado entre as partes.
Ele afirmou que a China continuará mantendo contatos com todas as partes envolvidas, dependendo do mérito do assunto.
(*) Com RT en Espanhol e Sputnik News.