O presidente Lula encontrou com Olaf Scholz na última segunda-feira (30/01), para uma conversa que abordasse a guerra na Ucrânia e questões ambientais e climáticas. Foi a segunda visita de uma autoridade alemã ao Brasil em menos de um mês.
Em uma vídeo-reportagem intitulada “Scholz no Brasil: abrindo um novo capítulo”, o jornal diário Süddeutsche Zeitung, de Munique, destacou que a mudança de poder no Brasil abre um “novo capítulo” para relações com a Alemanha.
Ao mencionar a volta de Lula no cenário mundial, o veículo chamou a atenção para uma das falas de Scholz, no qual o chanceler afirmou que, agora, “espera uma boa e longa colaboração” entre os países.
Nem todos os meios de comunicação alemães foram favoráveis aos resultados do encontro entre as autoridades, no entanto. O Tagesspiegel, jornal de Berlim, acredita que a reunião tenha representado uma “ducha fria para o chanceler”.
“Olaf Scholz e Lula não andam ‘lado a lado’ como invoca a velha canção dos trabalhadores”, afirmou o periódico.
O jornal diário afirma que Lula “não quer aderir à associação climática promovida por Scholz” por não concordar com leis alemãs de abastecimento, e critica a rejeição do presidente brasileiro ao pedido do chanceler para que o Brasil ajudasse temporariamente com munições para tanques antiaéreos Gepard que a Alemanha deu à Ucrânia.
Afirmando que a visita de Scholz tem como objetivo “aprofundar a relação que foi danificada sob Bolsonaro”, a emissora internacional Deutsche Welle (DW), com sede em Bonn, enxerga o saldo da conversa como positivo em relação à cooperação econômica e apoio para a Amazônia.
A DW também enfatizou que o líder alemão é o “primeiro chefe de governo ocidental” a visitar o país depois das invasões de apoiadores de Jair Bolsonaro em Brasília, no dia 8 de janeiro.
Ricardo Stuckert
Lula recebeu Olaf Scholz no Palácio do Planalto, em Brasília, na última segunda-feira (30/01)
Enquanto isso, o Die Welt, jornal editado em Berlim e distribuído em 130 países, também não deixou de destacar o desejo de abrir um “novo capítulo” de Scholz, mas afirmou que “as divergências [de pensamento dos líderes] sobre a Ucrânia amortecem a euforia”.
O veículo diário ainda se mostrou crítico da posição de Lula, afirmando que o presidente do Brasil considerou, em suas falas, “a Ucrânia corresponsável pela guerra de agressão russa”.
Já o Der Spiegel, uma revista de notícias semanal de Hamburgo, destacou, no título de sua matéria sobre o encontro, parte do discurso de Scholz onde o chanceler diz para Lula que “vocês [o Brasil] fizeram falta”.
Ao apontar que o líder alemão foi “enfaticamente cordial na sua viagem ao presidente esquerdista Lula”, a revista declara que o país europeu quer “participar de vários projetos no Brasil”.
O jornal de maior circulação dentro da Alemanha, o Bild Zeitung, editado em Berlim, aderiu um tom oposto em seu título, dizendo: “Scholz falha com Lula no Brasil”.
“A visita à capital, Brasília, correu bastante mal para Scholz”, declarou o veículo, que alegou que o chanceler alemão teve que “ouvir Lula espalhar alegremente a propaganda de Putin” enquanto falavam sobre o conflito na Ucrânia.
Um dos jornais de circulação alemã mais respeitados no exterior, o Frankfurter Allgemeine Zeitung, por sua vez, destaca que Lula quer uma “associação da paz” para acabar com a guerra, apontando que “este não é o único ponto em que as divergências [entre os países] se tornam claras”.
O veículo chamou a atenção para fala de Lula onde o presidente afirmou que a guerra “não é do interesse de ninguém”, e a contrapôs com a de Scholz, que disse que essa “não era uma questão europeia”, e que “as democracias de todo o mundo devem se manter unidas sobre esta questão”.