O ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, aproveitou a reunião que teve nesta quinta-feira (11/05) com a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, para solicitar a ajuda de Washington à Argentina, em sua negociação com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para renegociação do pagamento de sua dívida externa.
Segundo Haddad, a inclusão do tema na pauta da reunião foi um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que acredita que a solução para o país vizinho passa por buscar uma postura mais flexível por parte do FMI, entidade conhecida por ser bastante influenciada pelos Estados Unidos.
“A Argentina é um país muito importante no mundo e particularmente na América do Sul. Se o Brasil e os Estados Unidos estiverem juntos nesse apoio, é possível pode facilitar muito as coisas”, afirmou Haddad.
O encontro entre Haddad e Yellen acontece durante a cúpula de autoridades econômicas do G7, na cidade de Niigata, no Japão. O evento antecede o encontro entre chefes de estado da entidade, que acontecerá entre os dias 20 e 21 de maio, em Hiroshima, também no Japão. Apesar de não formar parte do G7, o Brasil é um dos países convidados da edição deste ano, assim como Índia e Indonésia.
Com Janet Yellen, Secretária do Tesouro dos Estados Unidos. Nosso encontro aqui no G7 (Japão) está em sintonia com a próxima reunião do G20, presidida pelo Brasil. Estamos prontos para trazer resultados concretos para colocar nossa economia nos trilhos do crescimento sustentável… pic.twitter.com/jRvV9OUxPH
— Fernando Haddad (@Haddad_Fernando) May 11, 2023
O ministro brasileiro acrescentou que “o presidente Lula virá ao Japão na próxima semana [à reunião do G7] com a mesma preocupação, estou antecipando aquilo que ele próprio, de viva-voz, vai trazer sobre Argentina”.
A Argentina é um dos maiores parceiros comerciais do Brasil, e o maior parceiro dentro da América Latina. O país vizinho vem enfrentando, nos últimos meses, uma severa crise econômica provocada por uma seca histórica, que está afetando as safras de grãos, um dos seus principais produtos de exportação.
Esse e outros fatores têm desencadeado uma nova onda de desvalorização do peso, a moeda local, e de inflação, que atingiu 104% em março.
Diogo Zacarias
Haddad se reúne com a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen
No dia 2 de maio, o presidente argentino Alberto Fernández se reuniu com Lula em Brasília, e recebeu a promessa de que o Brasil vai buscar ajudas ao país tanto junto ao G7 e também junto aos Brics (bloco econômico integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Na ocasião, o presidente brasileiro chegou a afirmar que “é preciso convencer o FMI a tirar a faca do pescoço da Argentina”.
Brasil e Estados Unidos
A questão argentina foi apenas um dos temas da reunião entre Haddad e Janet Yellen, pautada principalmente por assuntos relacionados às relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos.
Segundo o ministro brasileiro, a homóloga norte-americana deixou claro que os Estados Unidos não têm objeção aos acordos comerciais entre Brasil e China e à aproximação com o país asiático.
“Eu manifestei nosso desejo de nos aproximarmos mais dos Estados Unidos e que devemos estar preocupados com mais integração das Américas”, ressaltou Haddad.
Durante esta quinta-feira, o ministro da Fazenda também manteve encontros com empresários brasileiros e japoneses na Embaixada do Brasil em Tóquio.
Nesta sexta-feira (12/05), ele tem programado encontros com o economista norte-americano Joseph Stiglitz, com a ministra das Finanças da Índia, Nirmala Sitharama; com o ministro das Finanças do Japão, Shunichi Suzuki; e com a diretora do FMI, a economista búlgara Kristalina Georgieva.
(*) Com informações de Agência Brasil e TeleSur