A Assembleia Nacional do Equador realizou neste domingo (14/05) a eleição da mesa diretora para o biênio 2023-2025, processo que terminou com a vitória do atual presidente da casa, Virgilio Saquicela, do partido ultraliberal Movimento Criando Oportunidades (Creo, por sua sigla em espanhol), o mesmo do presidente Guillermo Lasso.
Reeleito para um novo mandato como presidente do Legislativo equatoriano, Saquicela se mantém, portanto, como a autoridade que comanda os rumos do processo de impeachment que Lasso enfrenta na casa desde março passado, e que será retomado nesta terça-feira (16/05).
O resultado é considerado uma vitória do presidente equatoriano. A imprensa local estima que o trabalho de Saquicela foi importante para ajudar a bancada governista a travar o avanço do processo durante todo o mês de abril e parte de maio, ao questionar o conjunto acusatório apresentado pela oposição.
Em 29 de março, a Assembleia Nacional aprovou o iniciou do processo de impeachment, a partir de um informe da Comissão da Verdade, Justiça e Combate à Corrupção da instituição, no qual o presidente Lasso era acusado por três diferentes casos, nos quais teria cometido crimes de extorsão, lavagem de dinheiro, tráfico de influência, peculato e corrupção passiva.
Em abril deste ano, já com o processo em andamento, a Comissão de Supervisão e Controle Político do Legislativo equatoriano decidiu descartar algumas das denúncias, mantendo apenas a relativa ao Caso Flopec, no qual o mandatário teria cometido crimes de peculato e corrupção passiva, ao favorecer a empresa norte-americana Amazonas Tanker Pool em contratos com a estatal Frotas Petroleiras Equatorianas (Flopec).
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Virgilio Saquicela, aliado do presidente equatoriano Guillermo Lasso, foi reeleito presidente da Assembleia Nacional do país andino
A partir desse segundo parecer, a bancada governista tentou aprovar o arquivamento do processo. Porém, uma resolução apresentada no início de maio pela bancada do partido opositor Revolução Cidadã (o mesmo do ex-presidente Rafael Correa) sugeriu a continuidade do processo mantendo apenas as acusações por peculato e corrupção passiva, relativas ao Caso Flopec.
A moção foi votada na terça-feira passada (09/05) e aprovada com 88 votos a favor, quatro a menos que o necessário para aprovar o impeachment de Lasso, em uma eventual futura votação final.
Assim, o primeiro trabalho de Saquicela em seu segundo mandato será iniciar os trabalhos para a retomada do processo de impeachment do presidente Lasso, nesta terça-feira, com o agendamento dos depoimentos das testemunhas de acusação e defesa.
Também será definido, durante esta semana, se Lasso dará seu testemunho pessoalmente ou se enviará um representante em seu lugar [que pode ser um advogado ou um parlamentar da sua bancada], além da data em que essa oitiva deverá ocorrer.
Além de Saquicela, a Assembleia Nacional equatoriana também reelegeu Marcela Holguín, do Revolução Cidadã, como primeira vice-presidente, enquanto o segundo vice-presidente será Esteban Torres, do Partido Social Cristão [governista], eleito no lugar de Pablo Muentes, também do PSC.