O presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva embarca nesta quarta-feira (17/05) para Hiroshima, onde participa como convidado da reunião de cúpula do G7, grupo que reúne as seis maiores economias ocidentais e o Japão, de 19 a 21 de maio.
Um dos objetivos principais da diplomacia brasileira é que a declaração final do encontro esteja focada em garantir segurança alimentar, principalmente entre as nações mais pobres do mundo, e não se transforme num ataque à Rússia pela guerra na Ucrânia.
Dois documentos deverão ser apresentados ao final da cúpula. O primeiro terá a posição dos sete países-membros em relação aos temas em pauta. O segundo vai englobar o posicionamento do G7 mais o dos países convidados: Brasil, Austrália, Comores, Ilhas Cook, Índia, Indonésia, República da Coreia e Vietnã, além de representantes das Nações Unidas, Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial, União Europeia e outras instituições.
O governo brasileiro trabalha para que essa segunda declaração reflita a visão do Brasil a respeito do conflito entre Rússia e Ucrânia e acredita que deve haver um consenso em relação à segurança alimentar, informou o embaixador Maurício Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos do Itamaraty, em entrevista nesta segunda-feira (15/05), em Brasília.
Como a guerra provoca efeitos sobre o acesso a alimentos, uma referência inicial deverá ser feita ao conflito ucraniano. Mas o governo brasileiro negocia essa linguagem para que seja “compatível com a que o Brasil tem usado sobre o tema, inclusive defendendo a negociação de resoluções em diversas instâncias internacionais, como a própria ONU”, disse Lyrio.
Ricardo Stuckert/PR
Dois documentos deverão ser apresentados ao final da cúpula
Em visita recente à China, Lula fez um apelo para que os Estados Unidos “parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz”. “É preciso ter paciência com o presidente da Rússia, é preciso ter paciência com o presidente da Ucrânia. Mas é preciso, sobretudo, convencer os países que estão fornecendo armas e incentivando a guerra pararem“, disse o presidente brasileiro.
Agenda do presidente
Será discutida a crise climática e a transição energética, também da ajuda internacional para a obtenção de equilíbrio energético. Além dos eventos da cúpula e das reuniões bilaterais já confirmadas, Lula vai participar da visita dos chefes de Estado e de governo a um memorial para as vítimas do ataque nuclear a Hiroshima, perpetrado pelos EUA durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Esta será a sétima participação do presidente brasileiro em cúpulas do G7. As seis primeiras ocorreram nos dois primeiros mandatos dele, entre os anos de 2003 e 2009. Dessa vez, a presença do líder brasileiro ganha um peso maior, porque o Brasil assumirá a Presidência do G20 (grupo que reúne as maiores economias do mundo) no ano que vem.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, a retomada da participação do Brasil em reuniões do grupo sinaliza o engajamento do país com o G7 e marca o equilíbrio no posicionamento brasileiro em temas sensíveis do cenário internacional.