Faltando apenas cinco dias para o segundo turno das eleições presidenciais da Guatemala, a candidata Sandra Torres, do partido de centro-esquerda Unidade Nacional pela Esperança (UNE) incrementou sua estratégia de se aproximar de setores de direita ao fazer um acordo com a Associação de Veteranos Militares da Guatemala (Avemilgua).
Durante um ato na Cidade da Guatemala, nesta terça-feira (15/08), a presidenciável disse que sua candidatura pretende “superar a fragmentação social do país” com um “projeto de reunificação”.
“Nossa proposta é inclusiva. Podemos deixar nossas bandeiras políticas de lado para receber o apoio de outras organizações de forma a criar um projeto que represente um maior número de setores”, comentou Torres.
A Avemilgua é uma organização conformada por militares que participaram da guerra civil na Guatemala, entre 1960 e 1996. Historicamente, a entidade apoia candidaturas de direita e de extrema direita nas eleições presidenciais – no primeiro turno, esteve a favor de Zury Ríos Sosa, filha do ex-ditador Efraín Ríos Montt e representante do partido Valor.
Segundo as pesquisas mais recentes, Torres aparece em segundo lugar na disputa contra Bernardo Arévalo, do partido ambientalista de centro-esquerda Movimento Semente.
A última sondagem, publicada nesta segunda-feira (14/08) pelo instituto Gallup, mostra Arévalo com 50% das intenções de voto, contra 32% de Torres.
Contexto político
No primeiro turno, em 25 de junho, Torres foi a mais votada, com 21,1% de votos, enquanto Arévalo ficou em segundo lugar, com 15,5%.
O cenário do segundo turno foi considerado inusitado para um país como a Guatemala, historicamente dominado por setores de direita.
Facebook Sandra Torres
Candidata de centro-esquerda, Sandra Torres tenta se aproximar de setores de direita, que ficaram sem candidatos no segundo turno
É importante destacar, porém, que tanto Torres quanto Arévalo são ligados a setores de esquerda moderada.
A candidata do UNE é empresária do setor têxtil e seu discurso está focado em fomentar a industrialização do país – e em promover o crescimento da economia e do emprego a partir disso.
Por sua parte, o representante do Movimento Semente propõe um projeto de desenvolvimento baseado na “economia verde” e defende uma maior aproximação do país com setores progressistas dos Estados Unidos e da União Europeia – postura similar à do presidente chileno Gabriel Boric.
Também é importante lembrar que Torres disputa o segundo turno das eleições pela terceira vez. Em 2015, ela perdeu contra Jimmy Morales (65,4% contra 34,6% a favor do candidato liberal, que se elegeu presidente).
Em 2019, na disputa contra o conservador Alejandro Giammattei, Torres teve outra derrota, por menor diferença de votos (57,9% contra 42,1% a favor do atual mandatário).