A Agência Federal de Transportes Aéreos da Rússia (Rosaviatsiya) confirmou a informação sobre a queda de um avião da Embraer que ocorreu na região de Tver nesta quarta-feira (23/08). Um dos passageiros da aeronave era o empresário Yevgeny Prigozhin, dono da empresa militar Grupo Wagner.
Os reportes da imprensa local informam que o acidente não deixou sobreviventes, o que indica que o empresário seria uma das vítimas fatais.
Segundo a agência RIA Novosti, oito corpos já foram encontrados no local do acidente, mas ainda não foram identificados. Uma autoridade da região, porém, teria confirmado a informação de que o de Prigozhin seria um dois oito corpos encontrados.
O comunicado da agência russa de transportes acrescenta que foi iniciada uma investigação para apurar as causas que provocaram este acidente. “Todas as versões do que aconteceu estão a ser consideradas, incluindo erro do piloto, problemas técnicos e influências externas”, dizem as autoridades.
Já a agência Tass disse que dentro da aeronave havia três tripulantes e sete passageiros e que a viagem seguia do aeroporto Sheremetyevo, em Moscou, para São Petersburgo.
Prigozhin vinha sendo uma figura destacada no conflito entre Rússia e Ucrânia, devido à participação de mercenários do Grupo Wagner nas operações militares impulsionadas pelo exército russo em território ucraniano.
TASS
Apesar do corpo de Prigozhin não ter sido encontrado, primeiros reportes informam que o acidente não deixou sobreviventes
Em junho passado, o empresário liderou uma rebelião após acusar Moscou de enviar “fogo amigo” a um acampamento de mercenários da sua empresa no Sul da Rússia, e chegou a organizar um grupo para atacar a capital do país em represália. A rebelião foi controlada graças à intervenção do presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, que concedeu asilo político a Prigozhin na ocasião.
Pequenos crimes, buffet de luxo, aliado de Putin
Os 62 anos de vida de Yevgueny Prigozhin já dariam um filme mesmo antes dos acontecimentos recentes. Nascido em 1961 em São Petersburgo, quando a cidade ainda se chamava Leningrado, ele foi criado pela mãe, Violetta Prigozhin, o padrasto e a avó. Aos 18 anos foi pego assaltando pela primeira vez e, na segunda, não escapou da prisão, onde viveu por nove anos.
Solto em 1990, ganhou a vida no ramo dos jogos de azar e dos alimentos. Passou da venda de cachorros-quentes com sua mãe no mercado de pulgas de Aprahaka para gerente da Contrast, a primeira rede de supermercados em São Petesburgo.
Em 1995 abriu um restaurante, o Old Customs House, e pouco depois outro, o New Island, que flutuava sob as águas do rio Neva. Os estabelecimentos se tornaram ponto de encontro de importantes políticos do Kremlin. Entre eles, o então prefeito da cidade, Anatoly Sobchak. Dali, contatos e negócios lhe deram ascensão veloz. Prigozhin criou o grupo Concord, que oferece buffets de luxo em eventos institucionais e se tornou muito próximo de Vladimir Putin.
No ano de 2014, ele fundou o grupo Wagner, uma companhia militar privada cuja atuação seria mantida em sigilo até 2022. A atuação do grupo paramilitar, acusado de muitas vezes fazer o serviço sujo que forças de Estado oficiais teriam menos legitimidade para realizar, começou na Crimeia e na região ucraniana de Donbass. Depois se ampliou para países do Oriente Médio e da África.