Em pronunciamento realizado em rede nacional nesta quinta-feira (28/12), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, determinou que as Forças Armadas Bolivarianas organizem uma ação defensiva nos limites marítimos entre o país e a Guiana, em função da presença do navio militar britânico HMS Trent.
Segundo o mandatário venezuelano, sua decisão visa manter o país preparado para enfrentar “uma ameaça militar de Londres”, e que Caracas considera a presença da embarcação britânica como uma “intervenção estrangeira em nossa região”.
Maduro também lembrou que o conflito territorial entre a Venezuela e a Guiana pela região de Essequibo havia entrado em processo de diálogo a partir da reunião realizada em São Vicente e Granadinas no dia 14 de dezembro.
#EnVivo ? | Salutación de fin de año a la Gloriosa FANB en el marco del cumplimiento satisfactorio de la defensa de la Patria. https://t.co/3v6y9bJESK
— Nicolás Maduro (@NicolasMaduro) December 28, 2023
Aquele primeiro encontro contou com a presença de diplomatas brasileiros que fizeram parte do grupo de mediadores, e terminou com a proposta de que Brasília fosse a sede da próxima etapa de diálogo entre os dois países vizinhos, ainda sem data marcada.
Porém, devido ao episódio com o navio britânico, essa próxima reunião também vai depender dos esforços para manter a Venezuela dentro do processo de diálogo.
Horas antes do pronunciamento de Maduro, o Ministério de Relações Exteriores da Venezuela, através de um comunicado assinado pelo chanceler Yván Gil, ameaçou abandonar o diálogo com a Guiana devido ao que classificou como “ato de provocação e hostilidade” por parte do Reino Unido.
VTV
Nicolás Maduro afirmou que decisão de acionar as Forças Armadas busca preparar ação defensiva contra ‘provocação de Londres’
“A República Bolivariana da Venezuela rejeita categoricamente a chegada do navio HMS Trent, da Marinha Britânica, às costas da Guiana, o que se torna um ato de provocação e hostilidade, além de uma violação da recente Declaração de Argyle, assumida como um roteiro para enfrentar a disputa territorial pelo Essequibo, entre a Venezuela e a Guiana”, expressou a nota venezuelana.
A Declaração de Argyle, mencionada no texto, é justamente o documento produzido após a reunião realizada há duas semanas, em São Vicente e Granadinas, país que exerce a presidência pró tempore da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e que convocou esse primeiro encontro para o diálogo entre Venezuela e Guiana.
The Bolivarian Republic of Venezuela categorically rejects the arrival of the HMS Trent, a vessel from the British Navy, to the coasts of Guyana, which becomes an act of hostile provocation and a violation of the recent Argyle Declaration, assumed as a roadmap to address the… pic.twitter.com/GFE2IDUWCl
— Yvan Gil (@yvangil) December 28, 2023
Versão de Londres
A presença do navio HMS Trent na costa da Guiana foi anunciada pelo governo do Reino Unido no último domingo (24/12). Segundo a BBC, a embarcação participaria de exercícios conjuntos com a marinha local depois do Natal.
O meio britânico descreveu o HMS Trent como “um navio patrulha de alto mar, usado para missões de interceptação de traficantes de drogas, mas cuja missão foi alterada depois que o governo venezuelano ameaçou anexar a região de Essequibo”.
Vale recordar que a Guiana é uma ex-colônia do Reino Unido e pertence à Comunidade Britânica, sendo o único país de língua inglesa da América do Sul.
Com informações da BBC.