O 8 de janeiro de 2023 é lembrado internacionalmente como a data em que a democracia brasileira foi posta em xeque. Esta segunda-feira (08/01) marca o primeiro aniversário da tentativa de golpe contra Luiz Inácio Lula da Silva, o chefe de Estado brasileiro que foi escolhido para liderar o país nas eleições de 2022.
Na ocasião, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, da extrema direita, invadiram as sedes dos Três Poderes — Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF) — em Brasília, e depredaram o patrimônio público da capital federal. Por muitas vezes, o episódio é associado aos ataques que haviam acontecido dois anos antes, nos Estados Unidos, ocasião em que eleitores do ex-presidente republicano Donald Trump recusaram a vitória do democrata Joe Biden e atacaram o Capitólio, centro legislativo do Estado norte-americano.
Não sendo apenas importante para o Brasil, a data que foi televisionada e repercutida pelo mundo é lembrada, após um ano, pela comunidade internacional como um símbolo da resistência democrática.
“Uma cicatriz profunda na história do Brasil” é como o canal russo RT descreveu o 8 de janeiro na primeira linha de sua reportagem, publicada nesta segunda-feira.. O veículo chega a citar Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, junto a Bolsonaro, “a quem a Justiça investiga como possível instigador” dos ataques que causaram “danos por mais de cinco horas” aos Três Poderes.
O portal argentino Página 12 se referiu à tentativa de golpe como sendo ela ainda uma “preocupação” ao governo de Lula, explicando que, embora Bolsonaro tenha ficado inelegível até 2030 após determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por difamar, sem provas, o sistema eleitoral brasileiro, sua figura segue tendo um peso considerável para aqueles que “optam por eleger seguidores da desequilibrada extrema direita”.
Reprodução/ A Voz do Brasil
Imprensa internacional elogia a 'resiliência da democracia brasileira' e condena atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023
O jornal espanhol El País, elogiou os resultados obtidos durante o primeiro ano do governo Lula, ao escrever que “a maior democracia da América Latina recupera a estabilidade sob a liderança do presidente Lula, melhora a economia, a proteção ambiental e as taxas de pobreza começam a recuar.
Um dos jornais mais tradicionais dos Estados Unidos, o The Washington Post, atribuiu o termo “resiliência” à democracia brasileira, afirmando que “felizmente” os atos antidemocráticos foram fracassados. Disse ainda que os apoiadores de Bolsonaro foram “movidos pela mentira e pela desinformação”.
O The New York Times, também da imprensa norte-americana, publicou uma reportagem intitulada “Dois motins no Capitólio. Dois resultados muito diferentes”. Nela, traçou um paralelo entre Brasil e Estados Unidos, destacando que “ambos foram transmitidos para todo o mundo e ambos motivados por presidentes que questionaram suas derrotas eleitorais legítimas”. No entanto, a matéria indica que os ataques tiveram consequências “quase opostas”, uma vez que Donald Trump logrou aumentar o apoio à sua campanha para retomar a Casa Branca, enquanto Jair Bolsonaro caiu na “irrelevância política”.
O jornal britânico The Guardian relatou que o presidente Lula saudou a “vitória da democracia sobre o autoritarismo” em celebração à “resiliência da democracia brasileira”, condenando “inequivocamente a mobilização violenta” de apoiadores de Bolsonaro que se recusaram a aceitar a derrota eleitoral de seu líder.
O jornal sul-coreano Yon Hap News também seguiu essa linha, classificando a data histórica como uma “grande crise para a democracia brasileira que chocou a sociedade como um todo” ao afirmar que os ataques foram provocados por eleitores que ficaram “insatisfeitos” com o resultado das urnas que deram vitória ao petista.
Mesmo após um ano, o noticiário internacional segue repercutindo o 8 de janeiro de 2023 do Brasil, utilizando um “tom de repúdio” e termos de cunho pejorativo para se referir ao episódio em que a democracia do país sul-americano, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva, foi ameaçada.