Duas horas após o início do terremoto que abalou o Haiti ontem (12), o vôo 1908 da American Airlines com destino a Miami conseguiu decolar, deixando para trás alguns dos passageiros, que decidiram ficar para ajudar as famílias. Três horas depois, os que desembarcaram do Boeing 757 no sul da Florida só tinham histórias de horror para contar.
“Quando o avião decolou, o piloto o manteve baixo e pudemos ver a tragédia. A cidade estava toda rodeada por uma nuvem gigantesca. Tinha desaparecido. Consegui distinguir apenas as ruínas do palácio presidencial e ver que a catedral foi abaixo”, contou ao Opera Mundi Marcel Jonas, um jovem haitiano-americano. “Eu não sei como decolamos, porque a torre de controle está no chão”, acrescentou.
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Ontem à noite havia muitos haitianos no aeroporto de Miami, alguns esperando seus familiares e outros querendo saber detalhes do desastre. “Eu não quero nem imaginar a situação que deixei lá. Aquilo foi um horror. No aeroporto, os vidros se partiram, as pessoas gritavam e corriam para todo lado. Escutei explosões e vi várias colunas de fumaça negra. O país não tem qualquer capacidade de recuperação por si só. A menos que a comunidade internacional nos ajude, o Haiti afundou”, afirmou o empresário Dominique Fontainbleu.
Em sua opinião, a maior dificuldade que as equipes de resgate irão encontrar será a mobilidade. “Pelo que percebi, os edifícios caíram e os escombros impedem ou dificultam o movimento dos automóveis”, explicou.
EFE
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Outro passageiro, que não se quis identificar, contou ao Opera Mundi que “foi o voo mais silencioso em que viajei. Ninguém disse nada. Todos as pessoas no avião pareciam estar em estado de choque”.
Preocupação em Miami
A noticia da tragédia chegou ao sul da Florida rápido. Assim que os canais locais anunciaram o terremoto, jornalistas correram para a Pequena Haiti, um bairro marginal de Miami onde se concentra a maioria dos imigrantes haitianos.
Os rostos de dor, consternação e espanto eram iguais aos dos transmitidos pelos canais de televisão do Haiti. No entanto, a falta de detalhes se somou à incerteza sobre o destino de familiares e amigos.
“É desesperador, não consigo me comunicar, não sei o está acontecendo e temo pelo pior”, contou ao Opera Mundi Brian Marquis, um norte-americano de origem haitiana, nascido em Miami, que tem no Haiti pais e uma prima. Marquis tinha nas mãos dois telefones celulares, mas com nenhum deles conseguia falar com a família.
Para Angelica Marie, dona de casa e mãe de dois filhos, a tragédia não podia ocorrer num pior momento. “O meu marido foi ao Haiti na semana passada para ver sua mãe, que está perto da morte. Agora não sei nada dos dois”.
Em meio à confusão, as estações de radio haitianas em Miami tratavam de explicar a situação e tranquilizar os imigrantes, transmitindo em crioulo – língua falada no país – durante toda a noite.
Ajuda a caminho
Segundo o Departamento de Estado dos EUA, o terremoto interrompeu grande parte das comunicações telefônicas com o mundo. A única forma era com telefone de satélite ou uma das poucas linhas telefônicas que dão acesso a um computador, se este tiver ligado a um gerador de eletricidade.
Na terça-feira à noite, na Pequena Haiti, as pessoas começaram a se mobilizar para enviar ajuda ao país. Mas ninguém sabe quando isso será possível. Por ora, nenhum avião está autorizado a pousar na capital haitiana, devido às condições da pista.
A agência norte-americana de ajuda ao desenvolvimento (USAID, pelas siglas em inglês) anunciou durante a madrugada que começou a concentrar parte da ajuda de emergência no aeroporto de Los Angeles. Na cidade de Fairfax, na Virginia, um grupo de bombeiros que participou no ano 2008 nas operações de resgate no Haiti, depois dos furacões, se preparava para voltar a Port-au-Prince com 80 toneladas de ajuda, 72 especialistas em desastres naturais e oito cães treinados em procurar pessoas debaixo dos escombros.
Esta manhã a Casa Branca anunciou que o presidente Barack Obama falará ao país sobre o terremoto.
Doações
No Brasil, é possível depositar qualquer quantia em conta bancária
aberta pela ONG carioca Viva Rio, que desempenha projetos sociais no
Haiti:Banco do Brasil/ Agência 1769-8/ Conta: 5113-6
Organizações internacionais recebem doações pela internet. No site da Oxfam America, é possível doar quantias de 35 a 5 mil dólares. No Yele Haiti Fund,
você colabora apenas uma vez ou pode criar um plano de pagamento. As
quantias vão de 25 a 300. Para a Cruz Vermelha, basta ir ao site da entidade, como também no endereço das Nações Unidas
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