O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, aprovou um projeto de lei elaborado pelos Estados Unidos que cria milícias armadas no país para substituir as tropas ocidentais no combate ao Talibã, noticiou o jornal norte-americano The Washington Post na edição desta quarta-feira (14/7).
Segundo assessores militares, o objetivo do projeto é criar “oposição enraizada” ao grupo fundamentalista, combatido pelas forças da Otan desde a invasão do país, em 2001, a pretexto de retaliar os ataques terroristas de 11 de setembro daquele ano em Washington e Nova York.
“É um programa de policiamento comunitário vitaminado”, brincou um comandante militar dos EUA em Cabul. “A intenção é criar um ambiente que seja inóspito para a ilegalidade, que reduza o número de lugares onde os insurgentes possam operar”.
EFE
Soldados britânicos fazem simulação com combatentes afegãos durante treinamento na Inglaterra
O plano aprovado por Karzai convoca a criação de mais de 10 mil “policiais comunitários” que seriam controlados e pagos pelo Ministério do Interior, segundo um alto funcionário do governo afegão citado pelo Washington Post.
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Militares dos EUA disseram que o programa será elaborado como unidades de defesa locais, chamadas “Polícia Afegã de Proteção Pública”, inspirado no modelo criado no ano passado na província de Wardak pelas forças especiais da Otan. A experiência, de acordo com o Post, alcançou resultados ambíguos, mas tem sido considerada como a mais frutífera das diversas iniciativas de segurança local já tentadas por militares dos EUA. Seus membros são uniformizados, carregam armas de fogo e, formalmente, respondem ao Ministério do Interior.
Segundo o militar, os milicianos serão treinados pelas forças especiais da Otan, mas não instruídos em ações de ataque.
É a primeira mudança significativa na estratégia de combate no Afeganistão desde que o novo comandante da Otan, general David Petraeus, assumiu o cargo, há duas semanas.
Incidentes
A aprovação de Karzai para o programa vinha sendo um primeiro desafio para Petraeus, mas uma reunião com o presidente deixou a questão tensa. Nos últimos tempos, Karzai – eleito inicialmente com apoio dos EUA – vem buscando uma política de conciliação com os adversários, inclusive o Talibã.
Em seguida, Petraeus e seus assessores trabalharam para atender às preocupações de Karzai e pediram que reconsiderasse o plano, segundo militares ouvidos pelo Post.
Nesta mesma quarta-feira, o jornal norte-americano Christian Science Monitor publicou um perfil de Ahmed Wali Karzai, irmão do presidente e “cacique” regional na cidade de Kandahar, que continua um núcleo invicto do reduto talibã no sul do país. Segundo analistas ouvidos pela publicação, apesar de suspeito de alimentar corrupção e o tráfico de drogas, ele é visto como essencial pelos EUA em sua estratégia na guerra.
Na terça-feira, um soldado afegão matou três colegas britânicos, inclusive um oficial, dentro de uma base na província de Helmand. Ele teria usado um fuzil e um disparador de granadas, segundo o jornal inglês The Guardian. O governo afegão lamentou o episódio e classificou o assassino de “renegado”. Ele está foragido e, segundo o Talibã, teria sido acolhido nas fileiras do movimento.
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