Líderes dos países da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) se reuniram nesta quinta-feira (04/07) em Cochabamba, na Bolívia, para uma reunião sobre a restrição ao avião de Evo Morales e declararam manifestando sua solidariedade ao presidente boliviano.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse acreditar que a agressão a Evo Morales só conseguiu “unir ainda mais” os países da América do Sul. Ele também sustentou que França, Itália, Espanha e Portugal romperam “todas as regras de convivência” ao proibir que o avião presidencial boliviano adentrasse seu espaço aéreo.
“Em nome do comandante Hugo Chávez, viemos expressar nosso apoio ao presidente Morales. Quem mexe com a Bolívia mexe com a Venezuela (…) Não é tempo para a mesquinharia frente à agressão de um líder latino-americano”, afirmou Maduro. “O que teria acontecido se essa agressão tivesse custado a vida a Morales?”, questionou.
Mais cedo, ele havia dito que iria avaliar as relações bilaterais de seu país com a Espanha depois do incidente e que a CIA era a responsável pelo atentado a Morales, já que “a Europa é a principal vítima de Washington” e, ao mesmo tempo, as primeiras a apoiar suas ações. Também havia perguntado o que aconteceria se o mesmo ocorresse a um presidente europeu no continente sul-americano.
Agência Efe
Presidente equatoriano Rafael Correa é recepcionado em sua chegada a Cochabamba
Já Rafael Correa, presidente do Equador, afirmou que os governos da região não permitirão “mais vexações contra a América Latina” e que atuarão “como Estados livres e soberanos como são nossos povos”.
Ele também pediu que os países europeus não se esqueçam da soberania dos Estados latino-americanos. “Eles estão tentando aborrecer um Estado, um representante dos povos indígenas ancestrais. A Europa deve muito à nossa querida Bolívia. Não permitiremos que se trate assim um presidente de um Estado da nossa América”.
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Correa declarou que “o direito internacional e a inviolabilidade dos chefes de Estado foram destroçados. Não entendemos por que se agiu assim contra a querida Bolívia”. Acrescentou ainda que “não foi a Bolívia que espiou ninguém. Não foi a Bolívia que invadiu ninguém. Foi um cidadão norte-americano que revelou talvez o maior caso de espionagem global”.
O presidente equatoriano também manifestou seu apoio à reunião da Unasul dizendo que “se o que aconteceu com Evo [Morales] não justifica reuniões em nossa América, então eu não sei o que é necessário para nos reunirmos”.
Desiré Bouterse, presidente do Suriname, declarou estar em Cochabamba “para testemunhar e demonstrar solidariedade com o que aconteceu com o presidente boliviano nos dias passados”.
O presidente do Uruguai, José Mujica, já chegou à Bolívia para a reunião, mas não deu declarações sobre o assunto. Cristina Kirchner, presidente da Argentina, ainda não está em Cochabamba.
Evo Morales, presidente boliviano, que foi obrigado a ficar 13 horas no aeroporto de Viena à espera de um novo plano de voo para retornar à Bolívia, declarou hoje que “não basta só a desculpa” dos países europeus e que seu governo buscará “o respeito” aos tratados e normas internacionais para respaldar sua reivindicação perante os organismos externos.
“A posição firme que vamos assumir desde o governo nacional é fazer respeitar perante os organismos internacionais as normas e os tratados internacionais. Não basta só a desculpa de algum país que não nos permitiu passar por seu território”, declarou Morales em um ato na zona central de Chapare, antes de dirigir-se à reunião.