O governo alemão expressou nesta terça-feira (25/06) a indignação crescente de seus cidadãos quanto ao programa massivo de monitoramento virtual e telefônico do Reino Unido, além de questionar diretamente os ministros britânicos sobre o Projeto Tempora.
A ministra alemã da Justiça, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, que descreveu a operação secreta da agência de espionagem britânica como uma catástrofe que soava “como um pesadelo de Hollywood”, alertou ministros do Reino Unido que sociedades livres e democráticas não poderiam florescer enquanto os Estados blindassem suas ações com um “véu de segredo”.
Sabine enviou duas cartas ao secretário de Justiça britânico, Chris Grayling, e à secretária de Estado para Assuntos Internos, Theresa May, enfatizando a preocupação de que a espionagem tenha chegado à Alemanha e exigindo saber até que ponto os cidadãos alemães foram atingidos. Ela também questionou se esse tipo de programa era legal.
A chanceler alemã, Angela Merkel, já deixou clara sua insatisfação com a falta de respostas do governo de Barack Obama sobre os programas de espionagem. Já o governo do primeiro-ministro David Cameron enfrenta agora seu primeiro grande desafio em justificar publicamente a operação do GCHQ (Government Communications Headquarters).
William Hague, secretário britânico para Assuntos Exteriores, por sua vez, fez um discurso na Biblioteca Ronald Reagan, na Califórnia, afirmando que a Grã-Bretanha não devia ter nada além de “orgulho” por sua relação “indispensável” de compartilhamento de inteligência com os Estados Unidos.
“Vamos ser claros: em ambos os países o trabalho de inteligência ocorre dentro de um quadro jurídico forte. Operamos sob o império da lei e somos responsáveis por ela. Em alguns países, o trabalho de inteligência secreta é usado para controlar o seu povo – nos nossos ele só existe para proteger as suas liberdades”, declarou.
Agência Efe
Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, ministra da Justiça da Alemanha: o governo alemão exige respostas do Reino Unido
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Em relação à Alemanha, as cartas de Sabine são o maior símbolo do descontentamento e da indignação do governo quanto ao programa de vigilância do Reino Unido. A mídia alemã tem publicado inúmeras cartas de leitores questionando qual a extensão do programa no país e se o governo sabia da existência da operação.
As revelações do ex-funcionário da CIA Edward Snowden, que, de acordo com o presidente russo Vladimir Putin, se encontra em um aeroporto de Moscou, suscitaram comparações com as técnicas da Gestapo (polícia secreta de Hitler à época da Alemanha nazista) e a Stasi (Ministério para a Segurança do Estado, principal organização de polícia secreta e espionagem da República Democrática Alemã). “Achei que essa era tinha acabado com a queda da República Democrática da Alemanha”, disse Markus Ferber, membro do parlamento europeu.
O governo do Equador anunciou nesta terça a decisão de conceder asilo político a Edward Snowden, que vazou informações sobre os progrmas de espionagem dos EUA e da Grã-Bretanha para dois jornais.
Investigação sobre terrorismo
Também nesta terça-feira, promotores alemães anunciaram que as autoridades do país estão investigando dois suspeitos de usar aeromodelos para ataques terroristas. A polícia na Alemanha e na Bélgica invadiu uma série de sites buscando evidências de “possíveis planos e preparativos de ataques”.
Os dois homens, que têm origem tunisiana, são suspeitos de “aquisição de informação e objetos explosivos para cometer atentados extremistas islâmicos com aeromodelos de controle remoto”, segundo os promotores. Eles não deram mais informações sobre os homens e não os identificaram. Ninguém foi preso nas operações policiais desta terça.
A agência de notícias alemã dpa diz que os suspeitos têm estado sob vigilância há um ano e que as autoridades recentemente detectaram “um interesse crescente em explosivos e aeromodelos”.
*Com informações do Guardian e do Huffington Post