A tragédia de Hillsborough, em que 96 pessoas morreram antes da semifinal da Copa da Inglaterra entre Liverpool e Nottingham Forest em 1989, foi consequência de um “homicídio culposo” e não um acidente, decidiu nesta terça-feira (26/04) o júri popular do tribunal de Warrington.
Agência Efe
Júri considerou que o comportamento dos torcedores não provocou a tragédia, conforme haviam apontado as primeiras investigações
O veredicto, que não condena ninguém, inocenta por sete votos a dois as vítimas, que inicialmente foram responsabilizadas pelos incidentes registrados em 15 de abril de 1989, quando uma avalanche humana deixou quase uma centena de vítimas fatais.
O júri considerou que o comportamento dos torcedores não provocou a tragédia, conforme haviam apontado as primeiras investigações sobre o caso, que foram refeitas de maneira independente, gerando até um pedido público de desculpas do primeiro-ministro britânico, David Cameron, aos familiares dos mortos.
O veredicto aponta que quatro questões “chave” foram provadas para confirmar que se tratou de um “homicídio culposo”. Entre elas, o “descumprimento do dever” do delegado de polícia encarregado pela segurança daquele jogo na cidade de Sheffield, David Duckenfield, que tinha a “obrigação de zelar” por todos os presentes.
Durante a nova investigação para o julgamento desta terça-feira, foi demonstrado que o agente deu ordem para abrir um portão de acesso ao estádio de Hillsborough, o que provocou a entrada de duas mil pessoas em um setor de arquibancada que já estava lotado.
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Em setembro de 2012, o relatório da comissão independente já havia concluído que a polícia foi responsável direta pela tragédia, já que estava a cargo da segurança naquele dia. Os trabalhos da justiça de Warrington mostraram também que os serviços de resgate ainda “causaram ou contribuíram” para as mortes.
De acordo com as informações que respaldaram o veredicto, durante o desastre houve uma “sequência de erros e omissões” na resposta ao início da avalanche humana.
Vários amigos e familiares dos 96 mortos, que lutavam há quase três décadas pela retirada da condenação pública imposta pelas autoridades do país, acompanharam a leitura da sentença e aplaudiram os membros do júri quando eles deixavam a sala de audiência.
Os advogados que defendiam os interesses das pessoas ligadas às vítimas afirmaram que a conclusão do novo julgamento representa o reconhecimento de uma luta “incansável”, que durou 27 anos, em busca de justiça.
O primeiro veredicto do caso foi dado em 1991, que considerou que todas as mortes em Hillsborough foram “acidentais”. As informações e dados que basearam esta conclusão, no entanto, foram desacreditados pelo relatório independente de 2012, que abriu a possibilidade da realização dessa nova audiência, iniciada em março de 2014.