O braço político da milícia curda YPG (Unidades de Proteção Popular) declarou nesta quinta-feira (18/02) que “refuta completamente” as acusações do governo turco de que teria sido o responsável pelo atentado ocorrido nesta quarta-feira em Ancara, capital do país. O grupo, que atua na Síria, afirmou que o governo turco não está entre seus inimigos.
EFE
O governo da Turquia fez um apelo para que países aliados considerem milícia como grupo terrorista
“Apesar de todas as provocações e ataques do Exército turco na fronteira de Rojava [área curda no território sírio], nós não retaliamos e historicamente agimos de maneira responsável. Não conduzimos nenhum ataque militar e quem sabe muito bem disso é o Exército turco e o governo do AKP [Partido Desenvolvimento e Justiça, do primeiro-ministro e presidente turcos]”, afirmou a YPG em comunicado.
Mais cedo, o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, havia afirmado que “foi estabelecida uma conexão direta” entre o ataque e a milícia. Segundo Davutoglu, membros do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), que é considerado um grupo terrorista por Ancara, deram apoio logístico à YPG. Nesta quinta-feira, um novo ataque na Turquia, contra um comboio militar no sudeste do país, deixou pelo menos sete mortos.
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“Fazemos um apelo para que todos os países adotem uma posição clara em relação a essas organizações terroristas. Ou se posicionem ao lado da Turquia, ou fiquem ao lado dos terroristas”, disse o premiê, que chegou a nomear um homem curdo de nacionalidade síria com supostas ligações com a YPG como o suicida responsável pelo atentado em Ancara.
EFE
Manifestantes protestaram contra o ataque desta quarta-feira (17/02) em Ancara, capital da Turquia
Sob anonimato, um membro do PKK declarou à agência Reuters que desconhece quem foi responsável pelo ataque na capital turca.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, fez um pronunciamento ao vivo na televisão em que apontou a milícia como culpada. “Mesmo que os líderes da YPG e do PKK neguem estar envolvidos no ataque, existe evidência que comprova que eles estão por trás disso”, declarou. Erdogan e Davutoglu não detalharam quais evidências teriam, nem disseram se iriam divulgá-las. O presidente afirmou que os países e grupos que apoiam a YPG “serão julgados pela história”.
Na Síria, a milícia curda luta contra o grupo Estado Islâmico e retomou o controle de áreas antes controladas pelos extremistas, como a cidade de Kobani. Oficialmente, a Turquia considera a YPG como um grupo terrorista, posição que não é compartilhada por aliados como os Estados Unidos. As declarações feitas nesta quinta-feira pedem que países aliados revejam a classificação da YPG. Washington, no entanto, lista o PKK como terrorista.