O setor de turismo e hotéis de Paris tem sido um dos mais afetados pelos atentados da última sexta-feira (13/11) na cidade. Estabelecimentos de lazer, como hotéis e restaurantes, chegam a registrar 60% de cancelamento de reservas, reportou hoje o jornal francês Le Monde.
“Quanto mais pronunciamos a palavra ‘guerra’, mais causamos medo aos turistas, particularmente os norte-americanos e japoneses, que são muito sensíveis às questões de segurança”, declarou Evelyne Maes, dona de um hotel três estrelas em Versalhes, local turístico nos arredores de Paris.
Jonathan/Flickr
43% dos turistas de Paris são franceses. Entre os estrangeiros, o principal grupo é de norte-americanos (9%), seguido pelos britânicos (6%)
Geralmente lotado nesta época do ano, 60% das reservas do hotel de Maes para esta semana foram canceladas em poucas horas nesta segunda-feira (16/11).
O principal sindicato patronal do ramo na França, a UMIH (sigla em francês para União dos Profissionais e da Indústria de Hotelaria), anunciou que está preparando um “fundo de apoio” para os donos e funcionários de hotéis, restaurantes e cafés que tiverem perdas após os ataques. O banco francês de investimentos Bpifrance resolveu flexibilizar ofertas de crédito, estendendo em seis meses o prazo de pagamento. A medida valerá para todos os hotéis parisienses e dos três departamentos limítrofes da capital – região conhecida como “pequena coroa”.
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“Desde a meia-noite [de sábado], nos confrontamos com a intranquilidade dos nossos clientes”, conta Maurizio, recepcionista de um hotel no centro de Paris. “Tivemos cinco ou seis saídas antecipadas, três anulações para sábado e domingo, e os pedidos de anulação para estadias em dezembro não param de cair”.
“Os hotéis mais atingidos são aqueles que dependem bastante do turismo de lazer, em particular de alta estação, muito ligado à clientela internacional”, disse Jean-Marc Palhon, presidente da sociedade Extendam, que investe em 80 estabelecimentos do ramo na França. O grupo Flo, do setor de restaurantes, registrou 50% de anulações nas reservas dos seus estabelecimentos.
EFE
A Torre Eiffel, principal destino turístico da capital francesa, ficou fechada no final de semana e reabriu na segunda-feira (16/11)
Novembro difere de caso Charlie Hebdo
Em janeiro deste ano, quando ocorreram os ataques ao semanário francês Charlie Hebdo e a um supermercado em Paris, também foi registrada uma queda na receita de estabelecimentos turísticos, especialmente nos dias seguintes ao episódio. As baixas foram de 7% nos dois primeiros dias, porém nas duas semanas seguintes chegaram a atingir 25%, em relação a 2014.
No entanto, em agosto o setor registrou uma queda da receita de apenas 1% dos 12 meses anteriores em comparação ao mesmo período do ano anterior. Segundo o recepcionista Maurizio, “o pânico não tem medida comum com os eventos do Charlie Hebdo, pois desta vez Paris como um todo foi visada, todos se sentem um alvo”.