Efe
Angela Merkel e Norbert Röttgen, o candidato da CDU derrotado nas eleições deste domingo no maior estado alemão
A chanceler alemã Angela Merkel admitiu nesta segunda-feira (14/05) a possibilidade de negociar com a oposição mudanças no pacto fiscal da UE (União Europeia). A declaração da chanceler ocorre em um delicado momento para seu partido, a CDU (União Democrata-Cristã), que perdeu neste domingo (13/05) as eleições no Estado Renânia do Norte-Vestfália, o mais populoso do país. Anteriormente, Merkel havia descartado rever o pacto com a eleição do socialista François Hollande, na França.
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Apesar de ressaltar que a histórica derrota “não afeta o trabalho que temos feito na Europa”, Merkel afirmou que irá se reunir com os partidos da oposição alemã para tratar da ratificação do pacto fiscal, que deverá ser votado pelos Parlamentos dos 27 Estados-membros da UE. “Me reunirei com os partidos de oposição para ver que expectativas existem. Não há alguém na CDU contra elementos que fomentem o crescimento, mas temos de analisar como afetam a política de consolidação”, afirmou a chanceler em entrevista coletiva.
A ratificação do pacto fiscal implica numa reforma da Constituição alemã. Para isso, é necessário ter uma maioria de dois terços tanto na câmara baixa do Parlamento como no Senado. Dessa forma, Merkel terá de chegar a um acordo com os principais partidos da oposição, o SPD (Partido Social Democrata) e o Partido Verde.
Nas eleições deste domingo, o SPD teve 39,1% dos votos, 4,6% a mais do que nas eleições de 2010. Já o partido de Merkel obteve 26,3% frente aos 34,6% da disputa anterior. O cenário representa o pior resultado no Estado desde a Segunda Guerra Mundial. Os Verdes, por sua vez, tiveram 11,3% e os liberais do FDP ficaram com 8,6%.
Com a vitória, a candidata do SPD, Hannelore Kraft, terá uma maioria absoluta para governar o Estado, em coalizão com os Verdes. Além disso, Kraft ganhou força para uma possível disputa com Merkel nas eleições de 2013.
Neste domingo, após o reconhecimento de sua vitória, Kraft já afirmou que o resultado obtido por seu partido nas urnas era um “importante sinal para as eleições gerais” que, segundo ela, terão um debate dividido entre o crescimento e a austeridade. Durante sua campanha, a candidata do SPD propôs uma reforma gradual das contas sem a utilização de medidas de austeridade para chegar aos resultados propostos. Além disso, Kraft defendeu investimentos em educação e saúde.
O próprio candidato do partido de Merkel, Norbert Röttgen, afirmou que a eleição poderia funcionar como um referendo para a chanceler em relação às suas políticas para conter a dívida europeia. Segundo ele, o resultado das eleições determinaria o fortalecimento ou o enfraquecimento do projeto de Merkel.
Na última semana, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, havia dito que os países do bloco não iriam renegociar o pacto fiscal do continente após a eleição do socialista François Hollande na França. Barroso defendeu um novo “pacto político” para incentivar o crescimento sem afetar o que considera serem “medidas estruturais” para a redução da dívida pública dos membros do bloco.
Hollande deve se encontrar ainda nesta semana com Merkel para tratar do pacto fiscal e já informou que não concorda com os termos do plano, que prevêem corte de gastos públicos e aumento de impostos.