A apenas 10 dias do início dos Jogos Olímpicos de Londres, o clima na cidade é de apreensão. A paranoia de um ataque terrorista ao megaevento ganhou ainda mais força depois do fiasco da empresa de segurança G4S, que falhou em cumprir o contrato com o governo britânico. Restou ao exército mobilizar tropas em férias e repatriar soldados que estavam no Afeganistão para tapar buracos.
Roberto Almeida/Opera Mundi
Homem observa navio de guerra atracado no Tâmisa, em Greenwich, a poucos quilômetros do Parque Olímpico
A G4S, empresa líder mundial em segurança privada, responsável por seis presídios britânicos e dois centros de imigração, assinou um contrato de 250 milhões de libras esterlinas (cerca de 750 milhões de reais) para garantir a segurança da Olimpíada, mas não deu conta do recado. A empresa não conseguiu recrutar 12 mil trabalhadores a pedido do comitê olímpico local, sob orientação do premiê conservador David Cameron.
Como resultado, o exército britânico, que já havia mobilizado 17 mil oficiais para a Olimpíada, precisou chamar outros dois mil para cobrir as falhas da G4S, causando a ira do Ministério da Defesa. Para piorar a situação, os jornais britânicos apontam nesta terça-feira (17) que centenas de policiais de todo o país foram recrutados para ajudar na operação.
São dezenas de casos em que funcionários da G4S simplesmente não apareceram para trabalhar em locais de jogos e hotéis de delegações. Enquanto isso, os atletas começaram a chegar, alterando o ritmo da cidade, que espera pelo menos um milhão de turistas durante a Olimpíada.
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“Somos gratos pelo apoio militar extra. Não subestimamos o impacto nas tropas e em suas famílias e expressamos nosso agradecimento a essas pessoas”, escreveu a G4S, em nota. A empresa deve perder 50 milhões de libras esterlinas do contrato (cerca de 155 milhões de reais) e viu seu valor de mercado despencar em 400 milhões de libras (em torno de 1,3 bilhão de reais).
“Estamos profundamente desapontados por não conseguirmos cumprir nosso contrato com o comitê olímpico local e que tenha sido preciso chamar mais tropas. Em parceria com o comitê e o exército, estamos trabalhando 24 horas para resolver a situação”, disse Nick Buckles, presidente da G4S. Buckles está na corda-bamba. Ele passará nesta terça-feira por uma sabatina no Parlamento britânico, considerada crucial para manter-se no cargo. A empresa que comanda tem números gigantescos. A G4S emprega 657 mil pessoas em 125 países e seu faturamento mundial é de 7,5 bilhões de libras ao ano (23 bilhões de reais).