A companhia aérea JetBlue, dos Estados Unidos, anunciou na quinta-feira (28/07) que vai operar, a partir do dia 31 de agosto, a primeira rota comercial entre os EUA e Cuba desde 1963.
A Jet Blue é uma das empresas aéreas que receberam autorização do governo dos EUA para fazer voos regulares entre determinadas cidades norte-americanas e cubanas, no marco da normalização das relações entre os dois países, restabelecida em dezembro de 2014.
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Com passagens a 99 dólares, a JetBlue vai oferecer três voos semanais entre Fort Lauderdale, no Estado da Flórida, e Santa Clara, no centro-norte da ilha, que a partir do dia 1º de outubro se transformará em uma rota diária. A companhia também abrirá rotas diárias entre Fort Lauderdale e Camagüey a partir do dia 3 de novembro e entre Fort Lauderdale e Holguín, começando com a operação no dia 10 de novembro.
Chris Favero / flickr CC
Avião da Jet Blue pousa em aeroporto de Saint Martin, ilha caribenha da Colômbia
As companhias Alaska Airlines, American Airlines, Delta Air Lines, Frontier Airlines, Silver Airways, Southwest Airlines, Spirit Airlines e United Airlines, também autorizadas, começarão a operar as rotas em setembro.
No comunicado, a JetBlue também afirmou que “em breve” anunciará as rotas com destino a Havana, que serão operadas pelas companhias a partir dos aeroportos de Atlanta (Georgia), Charlotte (Carolina do Norte), Houston (Texas), Los Angeles (Califórnia), Newark (Nova Jérsey), Nova York (NY) e Fort Lauderdale, Miami, Orlando e Tampa (Flórida).
O início dos voos regulares entre Cuba e Estados Unidos facilita as viagens para os cidadãos norte-americanos que estão dentro de uma das 12 categorias nas quais se permitem as visitas à ilha, aonde ainda não podem entrar turistas.
Desde o anúncio do restabelecimento de relações entre os dois países, o governo Obama flexibilizou as restrições ao comércio de alguns bens e às viagens. No entanto, ainda segue vigente o bloqueio econômico e a proibição do turismo à ilha, que só podem ser suspensos com a autorização do Congresso norte-americano.
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EUA e Cuba se reúnem para debater compensações econômicas mútuas
Também nesta quinta-feira (28/07), representantes de Estados Unidos e Cuba se reuniram em Washington para debater as compensações econômicas exigidas por ambos os lados, um dos temas mais complexos da normalização de relações, informou o governo norte-americano.
Esta foi a segunda reunião sobre compensações econômicas pelos bens naturalizados a norte-americanos após a Revolução Cubana e os danos reivindicados por Cuba derivados do embargo.
“A reunião permitiu aos países a troca de informação mais detalhada sobre as reivindicações pendentes e prosseguir a discussão sobre reivindicações feitas anteriormente em Havana”, informou o Departamento de Estado dos EUA em comunicado.
A delegação norte-americana na reunião foi liderada por Brian Egan, assessor legal do Departamento de Estado, segundo a nota, que não especifica quem representou Cuba.
De acordo com o governo dos EUA, as reivindicações pendentes incluem as de registrados na Comissão de Liquidação de Reivindicações no Exterior (FCSC) e as relativas decisões de tribunais dos EUA que Cuba não acatou. Além disso, estão as do próprio governo dos Estados Unidos.
EUA e Cuba se reuniram pela primeira vez sobre este assunto, identificado por Washington como um dos mais espinhosos na nova relação, no último dia 8 de dezembro em Havana.
Em seu último relatório anual sobre o impacto do bloqueio econômico – documento que foi apresentado às Nações Unidas –, Cuba afirmou que os danos econômicos por mais de 50 anos de bloqueio norte-americano chegam a US$ 833,755 bilhões, segundo o valor do ouro. A preços correntes, as perdas econômicas somam US$ 121,192 bilhões.
Os EUA informaram que cerca de seis mil pessoas e empresas americanas têm reivindicações em relação a Cuba devido às expropriações que ocorreram após o triunfo da Revolução Cubana, no valor de US$ 1,9 bilhões.
Essas reivindicações, registradas na FCSC do Departamento de Justiça, chegam a preços atuais de quase US$ 8 bilhões, incluindo um juro anual de 6%.
A maior parte das indenizações exigidas por companhias norte-americanas estão relacionadas a expropriações realizadas depois que Fidel Castro chegou ao poder, em janeiro de 1959. Entre as empresas figuram Coca-Cola, Exxon Mobil e Colgate-Palmolive.
Em 1964, o Congresso americano solicitou à FCSC – que atua como árbitro em litígios com governos estrangeiros e em liquidações de bens estrangeiros nos EUA – que determinasse a validade e o valor das compensações solicitadas por empresas americanas à Cuba castrista.
O processo, que durou seis anos, foi encerrado com o reconhecimento de quase seis mil reivindicações por um valor total de US$ 1,9 bilhões, que com os juros aumentaram para US$ 8 bilhões.
No entanto, a lei 80 de Cuba sobre a Reafirmação da Dignidade e a Soberania Cubanas, de 1996, determinou que essas indenizações teriam que ser negociadas considerando as reivindicações de Cuba aos EUA pelos danos ocasionados pelas sanções econômicas impostas à ilha.
*Com Agência Efe