Um dia depois de especulações sobre uma possível tentativa de negociação entre o líder líbio Muamar Kadafi e os opositores, as forças de segurança leais ao governo intensificam a ofensiva a leste e a oeste da capital Trípoli, retomando o controle da cidade de Zawiya.
Na terça-feira (08/03), a rede de notícias norte-americana CNN informou que Kadafi estaria negociando um acordo para deixar o governo em troca de segurança para sair do país e da garantia de que nem ele nem sua família sejam processados. Segundo a rede Al Jazeera, Kadafi teria pedido ainda uma quantia em dinheiro.
Segundo as informações, o líder, que governa o país há 41 anos, estaria disposto a se reunir com o Parlamento líbio para apresentar suas condições de renúncia e acordar termos para a transição de poder, que seria conduzida por um comitê formado pelo Congresso Geral do Povo. Para viabilizar a renúncia, Kadafi teria enviado o ex-premiê Jadallah Azzouz Talhi para negociar com os opositores a versão final de um acordo.
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O governo, porém, negou que tenha iniciado qualquer diálogo com a oposição. Na terça-feira, os rebeldes se contradisseram publicamente a respeito da proposta de saída de Kadafi. O líder do Conselho Nacional de Transição Interino (CNTI), Mustafá Abdel Jalil deu 72 horas para o ditador deixar o país. Já o vice-presidente e porta-voz do CNTI, Abdelhafiz Ghoga ressaltou diversas que não haveria diálogo.
Jalil, ex-ministro da Justiça, confirmou que Kadafi não enviou ninguém pessoalmente, mas um grupo de advogados ativistas de Trípoli os procurou voluntariamente com o objetivo de mediar a situação.
O líder rebelde afirmou que não processará o ditador caso ele cumpra o prazo. “Se ele deixar a Líbia imediatamente, durante 72 horas, e parar com o bombardeio, nós, como líbios, iremos recuar de persegui-lo por crimes. Estamos a favor evidentemente de acabar com o banho de sangue, mas Kadafi deve primeiro renunciar e depois deve partir. E, neste caso, não iniciaremos ações penais contra ele”, disse Jalil à Al Jazeera.
Contra-ofensiva
Nesta manhã, o movimento opositor sofreu uma perda de controle após mais uma contra-ofensiva de Kadafi. Em Zawiya, cidade de 200 mil habitantes, as forças de segurança cercaram os principais pontos e bombardearam bairros com tanques e tiros de artilharia para levar as tropas para a praça dos Mártires, no centro da cidade, onde os rebeldes fizeram um acampamento.
De acordo com o correspondente da rede multiestatal de notícias TeleSur na Líbia, Zawiya agora está “totalmente controlada por oficiais de Kadafi”. A televisão estatal líbia mostrou imagens de uma manifestação de apoio ao líder supostamente celebrando a reconquista do poder. Centenas de manifestantes gritavam palavras de apoio ao regime de Kadafi. Há cinco dias a cidade é atingida por fogos de artilharia, morteiros e incursões dos carros de combate que, no domingo (06/03) à noite, dobraram a resistência organizada, que arrefeceu na segunda-feira (07/03) e desapareceu totalmente um dia depois.
As forças pró-Kadafi mostravam entusiasmo ao longo de uma avenida ladeada por árvores, com uma grande mesquita nas proximidades. Um conselheiro do Ministério de Relações Exteriores líbio em Trípoli também afirmou que as forças do governo estavam no controle e que haviam hasteado a bandeira verde na praça. Ainda não há a confirmação do número de mortos, mas de acordo com a agência espanhola de notícias Efe há inúmeros corpos no hospital da cidade.
Petróleo
Na cidade de Ras Lanuf, no oeste da Líbia, a refinaria de petróleo foi incendiada em meio a bombardeios da ofensiva das forças de segurança de Kadafi, que tentavam recuperar o controle da região, e tanques com foguetes das forças rebeldes que controlam o local.
Os ataques das forças do governo começaram no domingo (06/03) depois que as tropas conseguiram conter o avanço dos opositores em direção a Ben Jawad, no meio do caminho entre Ras Lanuf e Sirte, a cidade natal de Kadafi.
Ainda não se sabe ao certo o que causou o incêndio. Enquanto a oposição acusa as aeronaves de Kadafi de lançar bombas em volta do terminal de petróleo de Es Sider, explodindo os reservadores locais, a televisão estatal líbia culpou grupos armados “apoiados pela rede terrorista Al Qaeda”
Captura
Em um comunicado transmitido pela TV estatal líbia, o governo ofereceu uma recompensa de 500 mil dinares líbios (cerca de 400 mil dólares) pela captura do líder dos rebeldes, Mustafá Abdel Jalil.
O anúncio foi feito em árabe, inglês e francês e descrevia Jalil como “espião”. O governo ofereceu ainda 200 mil dinares líbios (equivalente a 163 mil dólares) por qualquer informação que leve à prisão do ex-ministro. As quantias serão pagas pelo Departamento Geral de Investigação Criminal do país.
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