Centenas de argentinos lembraram nesta sexta-feira (16/7) os 16 anos do atentado terrorista contra a Amia (Associação Mutual Israelita Argentina) que, em 18 de julho de 1994, matou 85 pessoas e deixou 300 feridos. Além de membros da comunidade judaica da Argentina – a maior da América Latina e a quinta maior do mundo – compareceram à homenagem familiares das vítimas e cidadãos de origem judaica desaparecidos durante a última ditadura do país (1976/83).
Efe
A concentração aconteceu no endereço da Amia, no bairro portenho Once
A cerimônia principal foi realizada dois dias antes da verdadeira data da solenidade e, como nos anos anteriores, na mesma hora em que houve o atentado, às 9h53 locais (mesmo horário de Brasília), na sede reconstruída da entidade.
No ato estavam presentes o ministro da Justiça, Julio Alak; o vice-presidente Julio Cobos; o ex-presidente Nestor Kirchner; membros do gabinete da prefeitura de Buenos Aires; a presidente da Associação das Avós da Praça de Maio, Estela Carlotto – cuja candidatura para o Prêmio Nobel da Paz apoiada durante o evento.
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O juiz espanhol Baltasar Garzón compareceu à homenagem e declarou à imprensa que foi a Buenos Aires “para acompanhar com solidariedade os familiares de vítimas que sofreram o atentado, acompanhando o pedido por justiça, que ainda está pendente, e, portanto, de apoio aos companheiros que estão levando adiante a investigação”.
Durante a celebração o ministro da Justiça entregou a Garzón uma placa com dizeres de “solidaridade ante o processo aberto contra ele, por sua decisão de avançar na investigação dos crimes do franquismo”.
Efe
Garzón: reforço ao pedido de justiça pelas vítimas do atentado da Amia
Garzón foi suspenso de suas funções e será julgado por ter iniciado em 2008 uma investigação sobre os 114 mil desaparecidos durante a Guerra Civil (1936-1939) e os primeiros anos da ditadura franquista (1939-1975). Ele foi denunciado por organizações de extrema-direita.
Compareceram também ao local famílias das vítimas do ataque contra as Torres Gêmeas, que matou mais de 2,8 mil pessoas em 11 de setembro de 2001 e das vítimas das ações contra estações ferroviárias em Madri – em 11 de março de 2004 –, quando 200 morreram.
O atentado
Autoridades da Argentina, Israel e Estados Unidos suspeitam que o ataque foi cometido pelo grupo libanês Hezbolá, com ajuda do Irã. Por isso, em setembro de 2007, Néstor Kirchner denunciou a república islâmica na Assembléia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) por dificultar as investigações. Outros acusam Carlos Menem, presidente na época do ataque e de origem síria, de ter feito vista grossa para o atentado.
O prefeito de Buenos Aires, Maurício Macri, o ex-chefe da Polícia Metropolitana, George “Fino” Palácios e membros do gabinete estão sendo acusados de executar escutas ilegais contra o líder da comunidade judaica, Sergio Burstein, e do cunhado dele.
Palacios, homem de confiança de Macri, é considerado suspeito de ter sido cúmplice do atentado da Amia. Teria sido ele quem entregou o carro-bomba aos terroristas. Ao mesmo tempo, foi revelado que quem realizava a escuta contra o dirigente da comunidade judaica era o espião Ciro James, membro da secretaria de Educação portenha.
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