Pier Luigi Bersani anunciou nesta sexta-feira (19/04) que apresentará sua renúncia como secretário-geral do PD (Partido Democrata) da Itália devido às divisões internas de sua legenda. À saída de Bersani seguiu-se à renúncia da presidente do partido de centro-esquerda, Rosi Bindi.
As divisões dentro do PD ficaram latentes durante as votações para a escolha do novo presidente da República Italiana, ocorridas hoje e na quinta-feira (18). Por isso, Bersani, que comunicou sua decisão aos parlamentares do partido, deixará o cargo que ocupa atualmente após a escolha do novo chefe de Estado, que deverá substituir Giorgio Napolitano pelos próximos sete anos. A quinta rodada de votações será realizada neste sábado (19/04). Na Itália, a escolha do presidente, cargo com menos poder e evidência que o primeiro-ministro, é feita de maneira indireta.
Agência Efe
O líder da centro-esquerda italiana, Pier Luigi Bersani, deixará o comando do partido após escolha de presidente
Segundo informaram os parlamentares do PD, Bersani classificou que a situação interna do partido como “extremamente grave”, já que “os mecanismos de solidariedade foram deixados de lado”.
Bersani reclamou pelo fato de o PD não ter votado em bloco para presidente, o que inviabilizou a candidatura do ex-sindicalista Franco Marini e depois do ex-premiê Romano Prodi, que assumiu a candidatura a partir da terceira votação.
Bersani foi o responsável pela indicação de Marini. No entanto, os representantes da centro-esquerda decidiram não votar nele como forma de protesto contra a decisão de Bersani de apoiar o ex-premiê Silvio Berlusconi, do PdL (Partido da Liberdade) e grande rival da esquerda italiana nos últimos vinte anos.
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Esta manhã, Prodi, ex-primeiro-ministro e o ex-presidente da Comissão Europeia, foi escolhido como novo candidato, mas só conseguiu 395 votos, 101 a menos do que o número representado pela coalizão de centro-esquerda.
Pela noite, ele anunciou a retirada de sua candidatura. “Agradeço a todos os que me consideraram digno deste cargo. O resultado do voto e a dinâmica por trás dele me levam a considerar que não existem condições para continuar” na disputa, escreveu em comunicado.
Prodi, que emitiu a nota no Mali, onde está como enviado das Nações Unidas, também advertiu que quem lhe levou a esta decisão “terá que assumir suas responsabilidades”. A advertência se refere aos 101 “rebeldes” do PD que não votaram em Prodi e evidenciaram o caos que atravessa este partido.
Após o anúncio da renúncia da presidente do partido, Rosi Bindi, agravou a situação: em nota, ela disse que optou por essa saída porque desde que as eleições terminaram, ela “não tinha sido consultada” sobre as decisões do partido.
Um novo cenário seria de o PD apresentar uma nova candidatura. Fala-se no ex-primeiro-ministro Massimo D'Alema, que poderia ser apoiado por membros do PdL. Outra opção é a centro-esquerda se render ao Movimento 5 Estrelas, de Beppe Grillo, e votar em seu candidato, o jurista Stefano Rodotà.
Na Itália, o presidente é escolhido por via indireta, através do parlamento. Participam da votação 630 deputados, 319 senadores e mais 58 delegados regionais (três representantes por cada região, exceto o Vale D’Aosta, com um). Nas três primeiras rodadas, que ocorreram na quinta-feira (18) e hoje, ele é escolhido se obtiver dois terços dos 1.007 votos (672). A partir da quarta eleição, basta obter a maioria simples (504). Para ser eleito, em 2006, Napolitano precisou passar por quatro votações.
(*) com informações do Corriere Della Sera e da Agência Efe