A resistência do primeiro-ministro britânico, David Cameron, a uma investigação sobre os vínculos de seu ministro da Cultura, Jeremy Hunt, com o escândalo das escutas telefônicas da News Corp.,está se enfraquecendo.
Nesta sexta-feira (27/04), fontes ligadas a Lord Leveson, magistrado responsável pelo caso, já haviam ressaltado que a obrigação pelo zelo da lei pertence ao primeiro-ministro. Agora, até mesmo os porta-vozes de Cameron abrem espaço para uma apuração do Executivo sobre a comportamento de Hunt. Conforme noticiou neste sábado (28/04) o jornal britânico The Telegraph, um funcionário do gabinete do premiê disse que, “se há alguma coisa que sugere violação de conduta, Cameron irá certamente agir”.
Efe (25/04/2012)
No Parlamento britânico, Jeremy Hunt negou que tenha agido de forma imprópria em relação a Murdoch
Essa é a primeira vez que o Executivo britânico coloca o futuro político de Jeremy Hunt em xeque. O Ministro da Cultura é acusado de favorecer a compra integral da emissora britânica de televisão BSkyB pelo magnata australiano das telecomunicações Rupert Murdoch. Contudo, um inquérito sobre sua gestão só pode ser determinado por ordens do primeiro-ministro.
Hunt chegou a pedir que o Judiciário adiantasse sua audiência sobre o caso das escutas telefônicas, escândalo que expôs os fraudulentos procedimentos jornalísticos empregados pelas empresas de comunicação do conglomerado de Murdoch. Entretanto, seu pedido foi negado.
Na quarta-feira Adam Smith, assessor especial do ministro se demitiu por conta de seu envolvimento na tentativa de aquisição BSkyB pela News Corp. Smith disse que renunciou porque criou uma percepção de que a News Corp. teve “uma relação muito próxima” com o ministério.
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Ele admitiu ainda que seu contato com a compra negociada pelo conglomerado “foi longe demais”, mas garantiu que seu chefe, Hunt, não autorizara o “conteúdo e a extensão” de seus contatos com Frederic Michel, lobista que atua em prol da News Corp. Seu papel veio à tona na terça-feira, quando foram liberados e-mails sobre inquérito.
Pressão da base aliada
O anúncio deste sábado é reflexo de um jogo de interesses na coalizão entre o Partido Conservador e o Liberal Democrata. Cameron estaria sendo pressionado por liberais democratas a abrir uma investigação sobre a conduta de Hunt, correligionário do premiê no gabinete conservador.
Mas Downing Street, sede do Executivo britânico, se recusa a instaurar uma investigação antes do depoimento de Hunt perante a justiça, no início de maio.
“Nós sempre fomos claros de que é o primeiro-ministro e não o inquérito de Lord Leveson o responsável pelo arbítrio da conduta ministerial”, disse o porta-voz ao The Telegraph. “Jeremy Hunt vai vir a público antes de seu depoimento para fornecer todas as evidências necessárias para a investigação”, acrescentou.
Na opinião do funcionário, contudo, “não faz sentido cruzarr um inquérito judicial com um processo paralelo capaz de gerar contradições”.